Egito: uma viagem em família ao melhor da História
Um roteiro pela grandeza insuperável da grande civilização extinta
Por Ronny Hein
Há muitas experiências que mudam suas perspectivas e a própria vida. Nenhuma delas tão rica quanto visitar o Egito, que alguns definem, simplesmente, como “a viagem ao melhor da História.”
História e grandeza. Os avistamentos que você fará no Cairo, em Luxor e imediações não serão nada pequenos e desprezíveis. Você e sua família vão passar dias de queixo caído após visitar, em Gizé (que é quase um bairro do Cairo, a maior megalópole da África contada em sua totalidade), onde ficam as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos.
Esses túmulos colossais são inacreditáveis: sim pirâmides são tumbas mandadas erguer pelos faraós no passado. Só para dar uma ideia, a Grande Pirâmide envolveu o trabalho de cem mil escravos durante vinte anos. Dois milhões de blocos foram empilhados (o mais leve deles de duas toneladas!), seguindo sofisticados princípios astronômicos.
A viagem ideal para você fazer com a família no Egito dos faraós inclui Cairo, Luxor e um necessário cruzeiro entre Luxor (antiga Tebas, capital do Egito no passado) e a represa de Assuã. Contratar um guia é FUNDAMENTAL. Ele vai transformar tudo em histórias e cultura. Mas escolha bem: guias comuns passam ao lado da História e não a veem ou não a contam. Você pode passar ao lado de onde se encontrou a Pedra da Roseta, o monolito que desvendou o significado dos hieróglifos e hoje está no British Museum, em Londres – e simplesmente não fazer menção ao assunto. Para minimizar o problema, é importante que todos leiam e conversem sobre o Egito antes do embarque. Veja nossas sugestões.
O Cairo, seu ponto de chegada, é uma cidade caótica e bela na mistura de templos, fortalezas e museus que exibe. Os carros usam as buzinas o tempo todo e não hesitam em esbarrar uns nos outros, em atitude nada ocidental. A cidade é ocupada, também, por dezenas de milhares de vendilhões que tentam vender tudo, o falso, o mais falso e, raramente, um “ verdadeiro ”de baixa qualidade (pergaminhos, esculturas produzidas na China e outros itens inúteis). O único jeito de evitá-los é jamais cruzar os olhos com qualquer deles.
E, se você não se incomodar com nada disso, vai ser mais divertido. Algumas atrações que você não pode perder são visitar a Cidadela de Saladino, que tem, também, a Mesquita de Alabastro e minaretes de 84 metros de altura – a sensação de estar na Idade Média em pleno século 21. Nem o Khan el Khalili, colorido e farto bazar egípcio, onde quase tudo vale 5% do que custa e você fica feliz se, ao barganhar, conseguir um desconto de 50%.
Fotos 1,2 e 3: Mesquita de Alabastro / Foto 4: Bazar Khan el Khalili
O passeio pelas pirâmides pode consumir o tempo que você quiser. A Esfinge e as pirâmides formam um conjunto quase perfeito de harmonia. Há shows noturnos com histórias e os monumentos iluminados. Você, com certeza, vai acabar na corcova de um dromedário (não, não são camelos, que, esses sim, têm duas corcovas), tirar as fotos de praxe.
É absolutamente obrigatório fazer uma visita guiada pelo Museu Egípcio, hoje revitalizado, aos mais belos sarcófagos (inclusive o de Tutancâmon), múmias, ferramentas, paredes de hieróglifos e instrumentos que aquela civilização utilizou para erguer-se. Não deixe de voltar mais três mil anos em poucas horas, apanhando uma excursão à pirâmide escalonada de Saqqara (na verdade a mais antiga delas, construída pelo faraó Djoser em 2630 AC) e, poucos quilômetros adiante. Não perca também a exibição da estátua de Ramsès num pavilhão em que se pode ver gigantescas partes da escultura (encontrada sob a areia, dividida em seis pedaços).
Foto 1: Esfinge e Pirâmides / Foto 2: Passeio de dromedário / Foto 3: Museu Egípcio / Foto 4: Estátua de Ramsès
Sua próxima parada é Luxor, a uma hora de voo do Cairo. Já emita a passagem do Brasil com as duas cidades.
Prepare-se para ver o melhor do melhor. Parece quase herético dizer, mas o fato é que, se comparadas, em valor histórico, aos templos de Karnak ou de Luxor, as pirâmides são apenas… digamos assim… fotogênicas.
Na verdade, os vestígios do apogeu do povo egipcio estão aqui. Em Luxor (antigamente Tebas) que foi a capital política e espiritual do Egito antigo por quinhentos gloriosos anos a partir da chamada 18ª dinastia (de um total de 32 em que se divide a história dessa civilização). Ali reinaram Tuthmosis I (o faraó que substituiu as pirâmides pelas tumbas encravadas no Vale dos Reis), Hatshepsut (a única mulher a ter governado o Egito, mas que o fez como se fosse homem) e Ramsés II, o maior de todos os faraós, entre outros. Alí o país atingiu dimensões épicas e o seu mais alto grau de evolução. De longe, sua principal atração é o Templo de Karnak e as famosas colunas que você já viu no primeiro filme de Indiana Jones.
Trata-se, em suma, de um templo em honra ao deus Amon. Sua imensa área equivale a das treze maiores catedrais européias somadas. Quase uma cidade de louvação, o templo foi construído durante 13 séculos e é uma interminável vitrine de obras impensáveis, entre as quais se destacam as 134 colunas de 23 metros de altura, sobre as quais um dia repousou o maior teto do mundo.
Ali está, também, o pilar de 43 metros (14 andares!) da entrada monumental e o inacreditável obelisco de Hatshepsut, uma única peça com 340 toneladas de granito rosa que — sabe Deus como — foi trazido de uma pedreira em Assuã (a 120 quilômetros de distância) e, o que é mais inexplicável, foi colocado de pé.
Karnak é um programa de duas horas para turistas desligados e de vida inteira para egiptólogos apaixonados. Mas há quem considere o templo de Luxor — poucos quilômetros distante — mais homogêneo, visto que foi integralmente construído por Amenophis III e Ramsés II, em duas dinastias consecutivas.
Os engraçadinhos costumam chamar o templo de Luxor de “banguela”, porque um de seus monumentais obeliscos de entrada foi inexplicavelmente presenteado aos franceses, comprometendo a simetria do conjunto (está na Place de la Concorde, em Paris).
Fotos 1 e 2: Templo de Karnak / Foto 3 e 4: Templo de Luxor
Do outro lado oeste do rio Nilo fica o Vale dos Reis, um conjunto de 63 tumbas, algumas delas com mais de 120 recintos. Belos, coloridos e preservados (porque subterrâneos) esse é o lugar em que você corre o risco de ficar encantado e passar o resto da vida estudando aquela civilização. Vá com um guia – pelo amor de Deus!
Luxor é, também, o início da viagem mágica pelo Nilo, empreendida, diariamente, por diversos navios, nos mais concorridos cruzeiros fluviais de que se tem notícia – e que pode durar até cinco dias. Durante a navegação, já sob o efeito anestésico das emoções anteriores, os viajantes conhecerão também o templo de Horus, em Edfu, e o templo de Kom Ombo, construído em homenagem a Harris. Verão também, o tempo parado há séculos nos vilarejos árabes, que parecem ter saído de algum antigo conto das mil-e-uma-noites. Do convés você vai entender que as margens do rio definem o espaço de vida daquele país. São poucos metros de verdor luxuriante de ambos os lados e pronto: o resto é areia e deserto.
O final da jornada é Assuã, a mais meridional das grandes cidades egípcias, habitada pelos núbios, os negros descendentes do povo tantas vezes escravizado pelos faraós para exaltar sua glória. Felucas (veleiros primitivos, mas eficientes) navegam nessa parte do Nilo levando os viajantes à sensações bíblicas (ou corânicas, já que é um país muçulmano).
Mais para o sul não se pode chegar de barco. A monumental represa de Assuã — um muro de 115 metros de altura por 3600 de largura erguido entre 1960 e 1971 — é um obstáculo incontornável. Alí represado, o Nilo forma um lago imenso que inunda 350 quilômetros do território egipcio e 150 quilômetros do vizinho Sudão.
A represa de Assuã é considerada a última obra faraônica do Egito e foi construída por um governante mais populista e militarizado que seus distantes antecessores (não antepassados), chamado Gamal Abdul Nasser.
Além de gerar energia para o país, suas águas aumentaram em 2 milhões de quilômetros quadrados a área cultivável do país. O que, se de um lado, diminuiu a pobreza do Egito, de outro soterrou uma incalculável quantidade de tesouros arqueológicos. Num esforço internacional, 43 milhões de dólares foram investidos, à época, para salvar os magníficos templos erguidos por Ramsés II em Abu-Simbel, que foram transportados, pedaço por pedaço, para um platô acima da área inundada.
A grande ruína resgatada (que também pode ser visitada) tornou-se um símbolo da resistência à ação deletéria do tempo e do Homem.
O que, por sinal, é o principal legado deixado por essa civilização, que milhares de anos depois de extinta, sempre será a viagem ao melhor da História.
Serviços
Como chegar?
Boa notícia: a partir de setembro, a EgyptAir terá voos diretos e semanais entre São Paulo e Cairo. Serão menos de 13h de voo.
Necessidade de visto para brasileiros: veja aqui.
Dicas da nossa Comunidade, de onde ficar:
CAIRO
Mariott Mean House (com vista para as Pirâmides)!
Kempinski Nile Hotel, com piscina no rooftop e incrível vista para a cidade
LUXOR
Hilton Luxor Resort & SPA
As agências Viajar com Crianças e Viajar com Adolescentes podem organizar essa viagem para a sua família.
Dicas da Família Way do que não pode faltar na mala
Gate
le adora levar eletrônicos para a viagem: celular, drone, máquina fotográfica, carregadores,..
Fly
Ela é apaixonada pelo mochilão de viagem colorido, mas adora também outros acessórios
Trip
Hope
Nick
O Nick precisa da caixa transportadora, da coleira prática, da garrafa para beber água