Family Trip Magazine

Ecogastronomia: saboreie o Brasil de forma sustentável em família

Priorizando alimentos locais, naturais, sazonais e orgânicos, experiências gastronômicas conectam anfitriões e viajantes, criando vivências autênticas e transformadoras

A vastidão que abrange o Brasil de ponta a ponta é rica em sabores que contam histórias. Viajar em família é um pretexto perfeito para explorar essa diversidade, onde cada parada pode se transformar em uma aula sobre sustentabilidade e cultura. A ecogastronomia, conceito introduzido por Carlo Petrini, fundador do movimento Slow Food, surge como uma ponte que liga a culinária à preservação do meio ambiente, convidando-nos a repensar o ato de comer como um gesto de respeito e celebração. Ela prioriza alimentos naturais, locais, sazonais e orgânicos, seguindo o lema de uma gastronomia boa, limpa e justa.

No país com a maior biodiversidade do mundo, a ecogastronomia encontra um terreno fértil. O conceito, que une práticas agrícolas sustentáveis e valorização da diversidade biológica de um destino, vai além do prato. É um movimento que propõe um resgate das tradições alimentares locais, privilegiando ingredientes que respeitam o ciclo natural e as comunidades que deles dependem. Para as famílias, essa é uma oportunidade de ensinar aos filhos que comida é, antes de tudo, uma narrativa.

Princípios que norteiam a ecogastronomia

Entre as práticas que sustentam a ecogastronomia, a agricultura familiar e orgânica destaca-se por fomentar a microeconomia e preservar a saúde do agricultor e da natureza. Optar por produtos cultivados por pequenas famílias ou cooperativas fortalece a economia local e assegura que os alimentos sejam livres de agrotóxicos. Esse apoio direto aos agricultores locais se traduz em um comércio mais justo, em que o valor do trabalho e da dedicação dos produtores é devidamente reconhecido.

Promover a valorização do agricultor e do produtor local garante que esses trabalhadores recebam um preço justo por seu trabalho, contribuindo para a sustentabilidade das práticas agrícolas e para o bem-estar das comunidades. A produção local também tem um papel crucial ao reduzir emissões de carbono e perdas de alimentos no transporte, já que os produtos são consumidos próximos ao local de produção, diminuindo a necessidade de longas distâncias para entrega e, consequentemente, reduzindo o impacto ambiental.

Essa produção local, ao minimizar a pegada de carbono associada ao transporte de alimentos, reforça ainda mais a proteção à biodiversidade. Práticas agrícolas que não degradam o meio ambiente e que promovem a conservação das espécies locais são fundamentais para garantir que as futuras gerações possam continuar a desfrutar dos mesmos recursos naturais que temos hoje. A preservação dos ciclos naturais e a regeneração da natureza são, assim, pilares centrais da ecogastronomia.

A diversidade de alimentos também é essencial para uma culinária autêntica e sustentável. Priorizar alimentos locais e não convencionais não só enriquece o paladar dos viajantes, mas também incentiva a preservação de espécies e variedades que poderiam ser esquecidas. Alimentos frescos e naturais proporcionam uma alimentação rica em nutrientes e sabores genuínos, refletindo a riqueza do território e da cultura local.

Utilizar todas as partes dos alimentos, prática conhecida como zero desperdício, ensina responsabilidade ambiental de maneira prática e criativa. Reduzir o lixo e valorizar cada ingrediente ao máximo não só diminui o impacto ambiental, mas também demonstra um respeito profundo pelo ciclo de vida dos alimentos. Esse princípio se alinha perfeitamente com as metas de descarbonização, em que restaurantes e hotéis adotam práticas ecológicas para reduzir suas emissões de carbono, promovendo um turismo mais responsável e consciente.

ecogastronomia

Turismo de Base Comunitária

No Brasil, a ecogastronomia está crescendo, especialmente em projetos de Turismo de Base Comunitária. Este tipo de turismo é caracterizado pela gestão e organização das atividades turísticas pelas próprias comunidades, permitindo que os visitantes vivenciem a cultura local de maneira autêntica e respeitosa. No Brasil, esta modalidade tem ganhado destaque, especialmente em projetos que aliam ecogastronomia e sustentabilidade.

Essas iniciativas mostram como alimentos podem ser um elo entre anfitriões e viajantes, criando experiências autênticas e sustentáveis. Em muitos destinos nacionais, o turismo de base comunitária oferece a oportunidade de conhecer a gastronomia regional diretamente das mãos dos produtores e cozinheiros locais, que compartilham suas receitas tradicionais e o modo de vida da comunidade.

Jardim Vitória Régia, Alter do Chão (PA)

Uma visita ao Jardim Vitória Régia permite que os turistas experimentem produtos feitos a partir dessa planta, como sucos, farinhas e até doces. Aprender sobre a importância ecológica e cultural da vitória-régia enriquece a experiência, mostrando como a biodiversidade amazônica é preservada e valorizada.

Núcleo de Turismo Étnico Rota da Liberdade, Cachoeira (BA)

Explorar a cultura e a culinária afrodescendente na Rota da Liberdade inclui uma visita ao Quilombo Kaonge, grande produtor de ostras. A experiência imersiva na história e nos sabores locais, com pratos tradicionais e técnicas ancestrais, oferece uma conexão profunda com as raízes africanas e a história de resistência e preservação cultural.

Quilombo do Campinho, Paraty (RJ)

O tour pelo sistema agroecológico do Quilombo do Campinho inclui visitas à casa de farinha e ao restaurante comunitário, onde os alimentos são colhidos localmente. Os visitantes podem aprender sobre práticas sustentáveis e a importância da preservação cultural, degustando pratos que refletem a identidade quilombola.

Vivência com Jorge Ferreira, Paraty (RJ)

Especialista em cogumelos selvagens e Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), Jorge Ferreira oferece experiências de coleta e preparo de alimentos diretamente da mata. Os participantes se conectam à natureza de maneira profunda, aprendendo sobre a biodiversidade local e as práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais.

Acolhida na Colônia, Santa Catarina

O turismo rural baseado na agroecologia em Santa Catarina promove várias opções de hospedagem e experiências em todo o estado. Famílias podem se hospedar em fazendas, participar da colheita de produtos orgânicos e vivenciar a vida no campo, aprendendo sobre práticas sustentáveis e a importância da produção local.

Restaurantes ecogastronômicos

Além dos projetos de turismo de base comunitária, restaurantes também podem adotar práticas ecogastronômicas. Esses estabelecimentos, ao utilizar ingredientes orgânicos e locais, promover a redução do uso de plásticos e implementar a compostagem de resíduos, não só proporcionam uma experiência gastronômica única, mas também educam seus clientes sobre a importância da sustentabilidade na alimentação.

Bijajica – Florianópolis (SC)

O Bijajica, liderado pelo chef Fabiano Gregório, é parte do movimento Slow Food e oferece pratos com ingredientes orgânicos e de produção local. O restaurante também tem iniciativas para reduzir o uso de plásticos e promover a compostagem de resíduos.

Maní – São Paulo (SP)

O restaurante Maní, comandado pela chef Helena Rizzo, é um exemplo de ecogastronomia em São Paulo. Parte do movimento Slow Food, o Maní utiliza ingredientes orgânicos e de pequenos produtores locais. O restaurante promove a sustentabilidade através de práticas como o uso de ingredientes sazonais e técnicas de zero desperdício.

Natura – Brasília (DF)

Localizado na capital do Brasil, o Natura é conhecido por seu compromisso com a sustentabilidade e a ecogastronomia. O restaurante utiliza ingredientes orgânicos e biodinâmicos, muitos dos quais são cultivados em sua própria horta. Além disso, o Natura adota práticas como a compostagem de resíduos e a minimização do uso de plásticos.

Capim Santo – Trancoso (BA) e São Paulo (SP)

O Capim Santo, com unidades em Trancoso e São Paulo, é liderado pela chef Morena Leite. O restaurante valoriza a culinária brasileira com ingredientes orgânicos e de produção local. As práticas sustentáveis incluem a compostagem dos resíduos e o uso de energia renovável, além de projetos sociais para capacitar a comunidade local.

Quinta do Olivardo – São Roque (SP)

A Quinta do Olivardo, em São Roque, é um restaurante e vinícola que segue princípios de sustentabilidade em todas as suas operações. Os pratos são preparados com ingredientes orgânicos e de produção própria, e o restaurante promove a prática de zero desperdício, além de oferecer atividades educativas sobre agricultura sustentável.

Oryza – Curitiba (PR)

O Oryza, em Curitiba, é um restaurante que foca na culinária sustentável com um cardápio baseado em ingredientes locais e sazonais. O chef Dudu Sperandio prioriza alimentos orgânicos e apoia pequenos produtores da região. Além disso, o restaurante adota práticas de compostagem e redução de resíduos plásticos.

Uma experência transformadora

Para as famílias que buscam mais do que paisagens bonitas, a ecogastronomia propõe uma viagem com propósito. É uma experiência transformadora que ensina valores essenciais para as futuras gerações. Através do contato direto com produtores locais, da degustação de pratos tradicionais e da imersão nas histórias e culturas das comunidades visitadas, as crianças aprendem sobre a importância da sustentabilidade, do respeito ao meio ambiente e da valorização das tradições. Ao escolher destinos e atividades que privilegiam a sustentabilidade, os pais ensinam aos filhos que é possível, e necessário, desfrutar sem destruir. Assim, cada refeição torna-se uma aula prática de cidadania e responsabilidade ambiental, deixando um legado que vai muito além das lembranças de férias.

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