Family Trip Magazine

Aprendizado por meio de viagens em família: investindo no futuro

Viajar em família para destinos diferentes é uma jornada de descoberta, em que cada passo leva a uma compreensão mais profunda e significativa do mundo e de nós mesmos

Por Natália Faria G. Viana

Numa era em que a educação ultrapassa os limites das escolas, é imperativo considerar o valor das viagens como complemento essencial para o aprendizado formal. Não se trata apenas de visitar locais históricos, parques naturais e museus; viajar em família permite criar uma abordagem holística para a educação das crianças e adolescentes. A quebra da rotina e o contato com uma multiplicidade de cenários e diferenças culturais proporcionam crescimento pessoal sem igual para aqueles que ainda estão em fase de formação, permitindo que explorem o mundo além dos limites da sala de aula de uma maneira íntima e pessoal.

Sobretudo para quem está em idade escolar, viajar sempre é uma vivência que permite entrar em contato com a história, a cultura e a natureza de maneira estimulante. É quando se pode experimentar em primeira mão conceitos abstratos ensinados pelos professores na frente da lousa, como história, geografia, sociologia e ciências naturais. As lições aprendidas durante as viagens extrapolam as páginas de um livro didático; elas se tornam memórias duradouras e fundamentos para uma educação global. Desde a imersão em culturas diferentes até a apreciação da diversidade natural do mundo, cada experiência de viagem oferece uma oportunidade de aprendizado singular e enriquecedora.

Nesse contexto, uma das principais diferenças entre as viagens escolares e as viagens em família está justamente na presença e envolvimento dos pais ou tutores. Estar na companhia do primeiro núcleo familiar durante a viagem gera uma série de particularidades que contribuem significativamente para o aprendizado, como estar fora da dinâmica do dia-a-dia, porém mantendo-se em um ambiente acolhedor. Especialmente para os pequenos, essa proximidade transmite uma sensação de segurança e conforto, permitindo-lhes explorar cenários desconhecidos com maior confiança, o que tende a estimular ainda mais a curiosidade e o envolvimento. As figuras parentais desempenham o papel de guias e mentores durante a viagem, provendo orientação e apoio sempre que necessário. Isso cria uma atmosfera propícia para o aprendizado, onde as crianças se sentem mais encorajadas a fazer perguntas, experimentar novas atividades e expandir seus horizontes.

O que se pode aprender em uma viagem em família?

Aprendizado que transcende os livros

Com certa dose de planejamento e preparo, os pais ou guardiões podem utilizar a viagem em família como uma ferramenta educacional que complementa o aprendizado formal. Essa abordagem transforma a viagem em uma experiência imersiva que transcende os livros didáticos, proporcionando às crianças e adolescentes a chance de absorver conhecimentos de forma vívida e envolvente.

Ao explorar locais históricos, como castelos medievais ou sítios arqueológicos, não apenas testemunhamos, como entramos em contato com a história de uma maneira realista e palpável, mergulhando em cenários que antes só existiam na teoria. Nesses diferentes contextos, a meninada é transportada para além dos fatos e datas importantes. Caminhar pelas ruas de uma cidade antiga ou ver de perto o rico acervo de um museu lhes dá uma perspectiva tangível sobre períodos e culturas que podem parecer distantes em sala de aula. Essas imersões despertam não apenas o interesse do público infatojuvenil, mas também sua imaginação e curiosidade, incentivando-os a fazer perguntas e a aprofundar seu entendimento sobre o mundo ao seu redor.

A viagem em família favorece ainda a aprendizagem interdisciplinar. Ao visitar um parque nacional, por exemplo, as crianças e os adolescentes não apenas aprendem sobre a biodiversidade e os ecossistemas locais, mas também sobre geografia, geologia e conservação ambiental. Eles podem observar de perto a interação entre diferentes espécies de plantas e animais, explorar formações geológicas impressionantes e aprender sobre os esforços para proteger e preservar cada um desses preciosos habitats.

Em suma, as viagens em família rendem uma bagagem educacional incomparável, enriquecendo o conhecimento acadêmico das crianças e adolescentes e estimulando seu pensamento crítico, criatividade e empatia. Ao vivenciar a história, a cultura e a natureza de forma autêntica e significativa, os jovens se tornam cidadãos globais mais conscientes e engajados, preparados para enfrentar os desafios do mundo moderno com confiança e compreensão.

Ensino de habilidades práticas para a vida cotidiana

As viagens em família não apenas permitem explorar novos lugares, mas também geram um ambiente propício para o ensino de habilidades práticas e importantes para a vida cotidiana. Durante uma viagem bem planejada, os pais ou tutores são capazes de envolver os filhos em uma variedade de atividades que promovem o desenvolvimento de competências essenciais.

A começar pelo planejamento de itinerários, que é uma atividade que pode envolver toda a família, permitindo que desde cedo os pequenos aprendam a ler mapas, utilizar aplicativos de navegação e compreender conceitos básicos de geografia e direção. Isso não apenas fortalece as habilidades de orientação espacial durante a fase de desenvolvimento, mas também ensina a tomar decisões informadas e a trabalhar em equipe para alcançar um objetivo comum.

O planejamento financeiro da viagem é outra ótima ocasião em que a garotada pode aprender sobre gerenciamento de dinheiro e tomada de decisões responsáveis. Ao ajudar a calcular despesas, a comparar preços e a fazer escolhas conscientes sobre como direcionar o orçamento da família, os viajantes mirins desenvolvem habilidades de matemática, pensamento crítico e responsabilidade financeira.

Enfrentar desafios inesperados durante uma viagem também é uma maneira eficaz de promover o desenvolvimento de habilidades importantes, como resolução de problemas e pensamento crítico. Atrasos em voos, problemas de comunicação em um país estrangeiro ou imprevistos durante atividades planejadas podem exigir que os mais crescidos ajam com rapidez e eficácia na tentativa de colaborar na busca de soluções. Tais contratempos não apenas fortalecem a capacidade de lidar com situações adversas, mas também ensinam a manter a calma, a confiança e a adaptabilidade diante de imprevistos. Ao envolver os filhos em atividades de planejamento, ensinar princípios de gerenciamento financeiro e enfrentar desafios juntos, seus guardiões estão os preparando para se tornarem adultos responsáveis, resilientes e confiantes.

Crescimento pessoal e a compreensão do mundo ao nosso redor

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.” – Amyr Klink

Essa famosa citação de Amyr Klink, renomado navegador, palestrante e autor brasileiro – além de pai de três meninas, que seguiram seus passos viajantes –, ressoa com uma mensagem profunda sobre a importância e os benefícios intrínsecos de viajar. Ele argumenta que uma viagem não é apenas uma experiência superficial ou recreativa, mas sim uma necessidade essencial para o crescimento pessoal e a compreensão do mundo ao nosso redor. O autor de Cem dias entre céu e mar e Mar sem fim enfatiza a importância de viajar por conta própria, não apenas consumindo histórias, imagens ou relatos de outros, mas sim experimentando o mundo diretamente através dos próprios olhos e pés. Ele sugere que essa vivência direta é fundamental para verdadeiramente compreender e apreciar o mundo e suas diversas facetas.

A metáfora de “plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor” transmite a ideia poderosa de cultivar nossas próprias experiências e dar-lhes significado pessoal. Isso implica que, ao viajar e entrar em contato com novas culturas, paisagens e cenários, estamos enriquecendo nosso próprio mundo interior e desenvolvendo uma apreciação mais profunda pelo que é verdadeiramente significativo em nossas vidas. O navegador, que foi pioneiro em fazer a travessia do Atlântico Sul a remo, em 1984, também destaca a importância de experimentar os extremos – conhecer o frio para apreciar o calor e vice-versa. Essa ideia ressalta a importância de se expor a uma variedade de situações para obter uma compreensão mais completa e equilibrada da vida. Ele argumenta que só ao enfrentar certos desafios e desconfortos é que podemos verdadeiramente valorizar os privilégios em nossas vidas.

Klink aborda ainda a questão da arrogância humana, que nos leva a ver o mundo apenas conforme o imaginamos, em vez de como ele realmente é. Em sua visão, viajar para lugares desconhecidos pode quebrar essa arrogância, tornando-nos mais humildes e abertos para aprender a partir da perspectiva dos outros. Tudo isso reforça a importância de viajar como uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal. Ao nos aventurarmos para além de nossas zonas de conforto e familiaridade, podemos expandir nossos horizontes, cultivar uma compreensão mais profunda do mundo e, em última instância, tornar-nos alunos mais humildes da vida.

As reflexões de Amyr Klink sobre a importância de viajar também se aplicam de forma significativa às viagens em família. Ao embarcar em aventuras juntos, pais e filhos vão além de apenas explorar novos lugares, cultivando conexões mais profundas uns com os outros e com o mundo ao seu redor. As viagens em família proporcionam um ambiente propício para o crescimento pessoal e a compreensão mútua, à medida que todos os membros compartilham experiências, desafios e descobertas. Ademais, ao testemunharem juntos a diversidade cultural e a riqueza do mundo, as famílias têm a chance de construir memórias duradouras e fortalecer os laços familiares, promovendo um senso de união e pertencimento que perdura além das fronteiras geográficas. Assim, as viagens em família não são apenas uma oportunidade para explorar o mundo, mas também uma jornada de crescimento e aprendizado compartilhada.

Quebra de concepções erradas ou estereótipos sobre outras nações e culturas

“Viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre os outros países” – Aldous Huxley

A famosa citação “Viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre os outros países” (“To travel is to discover that everyone is wrong about other countries.”), atribuída a Aldous Huxley – autor e filósofo inglês conhecido por suas obras influentes de ficção, como Admirável Mundo Novo –, é um convite para uma reflexão profunda sobre o poder transformador das viagens e nossas percepções sobre outras nações e culturas.

Tal Gur, um empreendedor impulsionado pelo impacto, fundador da “Elevate Society” e autor de best-sellers, como “The Art of Fully Living” (em tradução livre: A Arte de Viver Plenamente), realizou uma interpretação perspicaz dessa frase emblemática. Em um artigo publicado no site da Elevate Society, ele destaca a essência da citação, que sugere que nossas concepções sobre outros países frequentemente são limitadas, distorcidas ou imprecisas. Essa distorção pode ser resultado de estereótipos arraigados, representações na mídia ou preconceitos culturais que moldam nossas visões de mundo.

No cerne de sua análise, Gur ressalta a importância de desafiar essas noções preconcebidas através das viagens para outros países. Ele enfatiza que elas oferecem uma oportunidade inigualável para se envolver com diferentes culturas, conhecer pessoas de origens diversas e obter insights de primeira mão sobre as complexidades das sociedades estrangeiras. Ao se imergir nessas diferentes culturas e vivenciar suas realidades cotidianas, os viajantes são confrontados com a realidade contrastante em relação às suas expectativas, levando a uma compreensão mais profunda e precisa da diversidade global.

Além disso, Gur destaca a importância do intercâmbio cultural e do diálogo como meios de promover entendimento mútuo e empatia entre pessoas de diferentes nações. Ele argumenta que reconhecer a falibilidade de nossas suposições sobre outros países é essencial para cultivar uma mentalidade aberta e curiosa, características fundamentais para cidadãos globais. Num contexto mais amplo, Gur ainda vincula a citação de Huxley à ideia de que a exposição a diferentes culturas e perspectivas pode levar ao crescimento pessoal e a uma visão de mundo mais ampla. Ele enfatiza o valor das viagens como uma experiência educacional e transformadora que pode enriquecer a vida individual e contribuir para um mundo mais interconectado e harmonioso.

Isso ecoa especialmente forte quando consideramos a riqueza de aprendizado que as viagens em família oferecem para crianças e adolescentes, que ainda estão em fase de desenvolvimento e formação cultural. Essas experiências permitem que pais e filhos desafiem suas preconcepções e ampliem suas perspectivas. Ao explorar destinos desconhecidos juntos, os familiares tendem a se dar conta de que as diferenças culturais não são motivo de estranhamento e nem mesmo temor, mas sim fonte de curiosidade,  aprendizado e admiração. Ao explorar o mundo, as famílias podem não apenas descobrir novos lugares, mas também se descobrir de novas maneiras, fortalecendo os laços familiares e cultivando uma mentalidade de abertura, curiosidade e respeito pelo mundo ao nosso redor. Nessa jornada, cada passo nos leva a uma compreensão mais profunda e significativa do mundo e de nós mesmos, como membros de uma sociedade diversa.

Viagens em família são um investimento exponencial

Proporcionar viagens em família para crianças e adolescentes é mais do que apenas oferecer momentos de lazer; é um investimento estratégico no futuro das próximas gerações. Ao explorar o mundo na companhia uns dos outros, os membros da família alcançam juntos o aprendizado e o crescimento pessoal. Essas experiências compartilhadas não apenas ampliam os horizontes dos mais jovens, mas também os capacitam a enfrentar os desafios do século XXI com compreensão, empatia e resiliência. Cada viagem em família, portanto, não deve ser encarada apenas como uma aventura passageira, mas como um investimento significativo no futuro dos cidadãos em formação e do mundo que eles irão moldar.

Em última análise, uma viagem em família é uma jornada transformadora que vai muito além do simples entretenimento. É uma oportunidade de educação integral que molda o caráter e o conhecimento das futuras gerações. Ao priorizar essas experiências como parte essencial do desenvolvimento das crianças e adolescentes, estamos construindo um amanhã mais promissor para todos. Cada momento compartilhado durante uma viagem em família é uma chance de aprendizado e crescimento, preparando os jovens para serem os líderes e inovadores das décadas seguintes. Portanto, que cada viagem em família seja celebrada como um passo importante na construção de um mundo mais conectado, compassivo e capacitado para enfrentar os desafios que estão por vir.

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