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Cânions do Sul: o destino brasileiro que cabe em um feriado prolongado

O sul do Brasil guarda cânions grandiosos e acessíveis ideais para famílias que buscam uma viagem curta com experiências marcantes

Por: Caroline Sundfeld

Localizada na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a região dos Cânions do Sul oferece às famílias brasileiras a chance de conhecer formações geológicas grandiosas sem precisar sair do país. Com apenas quatro dias de viagem, é possível conhecer os dois principais cânions: Itaimbezinho e Fortaleza, e ainda ter tempo para atividades como trilhas por cachoeiras e experiências rurais autênticas.

A região abriga dois parques nacionais, Aparados da Serra e Serra Geral, que protegem 36 falhas geológicas espalhadas por mais de 200 quilômetros de extensão. Para famílias acostumadas a destinos internacionais complexos, os Cânions do Sul surpreendem pela facilidade logística: tudo fica a cerca de uma hora de distância da base escolhida para hospedagem, permitindo roteiros flexíveis e adequados ao ritmo familiar.

Cambará do Sul: a porta de entrada

Com seus 6 mil habitantes, Cambará do Sul funciona como centro de operações para quem visita a região. Localizada a 195 quilômetros de Porto Alegre, a cidade oferece infraestrutura suficiente para famílias, com pousadas, restaurantes e agências locais que organizam passeios guiados.

A cidade mantém o charme rural gaúcho, com ruas tranquilas onde as crianças podem circular com segurança e estabelecimentos que respeitam o ritmo familiar. Para quem prefere uma base diferente, Praia Grande, em Santa Catarina, também oferece hospedagem e fica próxima às trilhas da parte baixa dos cânions. A escolha entre as duas cidades depende do tipo de experiência que a família busca: Cambará do Sul para quem quer explorar as vistas panorâmicas da parte alta, Praia Grande para quem pretende fazer as trilhas internas dos cânions.

Cânion Itaimbezinho: o mais famoso

O Cânion Itaimbezinho, localizado no Parque Nacional Aparados da Serra, é o cartão-postal da região. Com 700 metros de profundidade e paredes verticais que se estendem por quilômetros, oferece vistas que impressionam adultos e crianças.

O parque disponibiliza duas trilhas principais para famílias: a Trilha do Vértice, mais curta, com 1,5 quilômetro, e a Trilha do Cotovelo, com 6 quilômetros de extensão. Ambas têm nível leve e podem ser percorridas por crianças, idosos e pessoas com dificuldades de mobilidade. A Trilha do Vértice conta com pavimentação em boa parte do percurso e permite visualizar 45% do cânion desde o início da fenda, além de duas cachoeiras: Andorinhas e Véu de Noiva.

Para famílias mais aventureiras, existe a Trilha do Rio do Boi, que segue pela parte interna do cânion. Esta trilha exige acompanhamento obrigatório de guia credenciado, com grau de dificuldade maior, sendo recomendada para crianças a partir de 12 anos com boa condição física.

Cânion Fortaleza: paisagens dramáticas

O Cânion Fortaleza, no Parque Nacional Serra Geral, oferece uma experiência diferente do Itaimbezinho. A trilha principal, do Mirante da Fortaleza, tem dificuldade média devido a alguns trechos íngremes, mas pode ser percorrida por crianças maiores de 8 anos acompanhadas pelos pais.

O cânion impressiona pelas dimensões e pelo contraste entre as paredes rochosas e a vegetação nativa que cresce nas bordas. Durante a caminhada, as famílias podem avistar animais típicos da região, como o graxaim (cachorro-do-mato) e diversas espécies de aves.

Uma das principais atrações do Fortaleza é a Cachoeira do Tigre Preto, acessível mediante uma trilha mais desafiadora que requer cuidados especiais com crianças. A experiência de observar a queda d’água de 250 metros de altura cria memórias marcantes para toda a família.

Planejamento para famílias

A viagem aos Cânions do Sul funciona bem para crianças a partir de 6 anos, idade em que conseguem caminhar distâncias maiores e apreciar as paisagens naturais. Para famílias com crianças menores, as trilhas mais curtas e pavimentadas oferecem acesso às principais vistas sem exigir esforço físico excessivo.

O clima da região varia ao longo do ano. No inverno (junho a setembro), as temperaturas ficam baixas, mas a visibilidade dos cânions melhora devido à menor incidência de neblina. No verão (dezembro a março), o clima fica mais quente, facilitando atividades ao ar livre, mas aumenta a chance de neblina que pode prejudicar a visibilidade.

Para otimizar a experiência familiar, recomenda-se dividir as visitas aos dois parques em dias diferentes. Um dia para o Aparados da Serra (Itaimbezinho) e outro para a Serra Geral (Fortaleza), deixando tempo livre para descanso e atividades complementares.

Atividades complementares

Além dos cânions principais, a região oferece experiências que enriquecem a viagem familiar. A Trilha das Bromélias combina caminhada leve com educação ambiental, permitindo que as crianças aprendam sobre a flora nativa enquanto exploram a natureza.

Além disso, cachoeiras menores, espalhadas pela região, oferecem alternativas para dias de temperatura mais alta ou quando a neblina prejudica a visibilidade dos cânions principais. Estas cachoeiras geralmente têm trilhas mais curtas e permitem banhos refrescantes para as crianças.

Gastronomia regional

A culinária local reflete a tradição gaúcha com adaptações para o paladar infantil. Restaurantes como o Bolicho Guabiroba, localizado em Cambará do Sul, oferecem ambiente descontraído com espaço para crianças brincarem enquanto os pais apreciam cervejas artesanais regionais.

O cardápio regional inclui pratos como costela no rolete, pinhão cozido, queijos coloniais e doces caseiros. Muitos estabelecimentos adaptam os pratos tradicionais para crianças, oferecendo porções menores e preparos menos condimentados.

A Taberna Restaurante, no centro de Cambará do Sul, funciona em estilo bistrô e serve risotos e massas que agradam tanto adultos quanto crianças. O ambiente aconchegante permite jantares familiares tranquilos após os dias de atividades ao ar livre.

Quando ir

A escolha da época ideal depende das prioridades familiares. O inverno oferece maior chance de dias limpos e vistas desobstruídas dos cânions, mas exige roupas apropriadas para o frio intenso.

O verão facilita atividades ao ar livre e permite banhos nas cachoeiras, mas aumenta a possibilidade de neblina que pode ocultar completamente a vista dos cânions. Para famílias que viajam exclusivamente no verão, recomenda-se estender a estadia por um dia extra para ter mais chances de encontrar condições climáticas favoráveis.

A primavera e o outono oferecem condições intermediárias, com temperaturas amenas e menor incidência de neblina que no verão, tornando-se épocas interessantes para famílias flexíveis com datas de viagem.

Comparação com outros destinos nacionais

Diferentemente do Jalapão, que exige uma semana de viagem e logística complexa, os Cânions do Sul cabem facilmente num feriado prolongado. Isso torna o destino atrativo para famílias que buscam contato com a natureza sem comprometer muito tempo das férias escolares.

A região também oferece maior autonomia para famílias que preferem viajar por conta própria, com sinalização clara, pousadas bem estruturadas e a possibilidade de organizar os passeios sem depender exclusivamente de agências. Para famílias que já conhecem destinos como Bonito ou Chapada Diamantina, os Cânions do Sul representam uma experiência geológica única no país, com formações que não existem em outros lugares do Brasil.

O retorno da experiência

Crianças que visitam os Cânions do Sul retornam com uma compreensão ampliada sobre a diversidade geológica brasileira. A experiência de observar formações rochosas de milhões de anos, caminhar em trilhas onde o silêncio é quebrado apenas pelos sons da natureza e descobrir cachoeiras escondidas cria memórias duradouras.

Para os pais, a região oferece a satisfação de mostrar aos filhos que o Brasil possui paisagens grandiosas e bem preservadas. A facilidade logística permite que a família se concentre na experiência em si, sem se preocupar com deslocamentos longos ou planejamentos complexos.

Os Cânions do Sul funcionam como uma introdução ao turismo de natureza no Brasil, preparando as famílias para futuras aventuras em destinos mais remotos e demonstrando que experiências marcantes podem estar mais próximas do que imaginamos.