Como evitar enjoo em viagem
Não deixe o “enjoo de movimento”, que acomete principalmente crianças e mulheres, atrapalhar as viagens em família
Por: Redação
As férias em família são momentos preciosos, mas para aqueles propensos a enjoos durante a viagem, a diversão pode rapidamente se transformar em desconforto. Se você ou algum membro da família costuma enfrentar a temida cinetose, também conhecida como enjoo de movimento, não se preocupe! Estamos aqui para fornecer dicas valiosas de como evitar enjoo em viagem, que tornarão suas aventuras em família agradáveis para todos.
Como se chama o enjoo em viagem?
Há quem pense que enjoo ao viajar é labirintite, uma vez que o labirinto é a região interna do ouvido ligada à noção de equilíbrio e percepção de posição do corpo. Na verdade, existem diferentes distúrbios do labirinto e o termo labirintite normalmente é erroneamente usado de forma generalizada. O enjoo em viagem mais comumente se deve a uma condição do labirinto chamada cinetose, também conhecida como “mal do movimento”, “enjoo de movimento”, ou, em inglês, “motion sickness”.
Qual médico trata o enjoo de movimento?
O especialista em cinetose é o médico otorrinolaringologista, que trata o enjoo de movimento, assim como outras condições ligadas ao ouvido, ao nariz e à garganta, além de estruturas relacionadas a eles, como a cabeça e o pescoço.
O que causa enjoo ao viajar?
A medicina ainda não chegou a um consenso definitivo para porque sentimos enjoo quando viajamos de ônibus, carro, avião e navio, mas há algumas teorias. A mais aceita é chamada de “teoria do conflito sensorial”, que se baseia no sistema de equilíbrio do corpo.
O equilíbrio não é controlado por um único órgão, mas sim pela colaboração entre nossa visão, sensações táteis e órgãos no ouvido interno, como o labirinto. Esses elementos formam um sistema que determina a posição do corpo no espaço, como se fosse o nosso GPS interno.
Quando as informações que nossos olhos veem não coincidem com as demais sensações de equilíbrio coletadas pelo corpo – como quando estamos sentados dentro de um veículo em movimento – o conflito das informações é processado pelo cérebro, que tenta comparar o padrão de movimentos atual com os movimentos contidos na memória.
Caso não haja compatibilidade, ou seja, não haja memória deste padrão de movimento, surge uma sensação de desequilíbrio e instabilidade, que gera mal-estar. Assim, o cérebro pode ativar o centro do vômito como uma defesa contra a situação percebida como potencialmente ameaçadora.
Porque algumas pessoas enjoam em viagens e outras não?
Apesar de ainda não se saber ao certo as causas neurofisiológicas da cinetose, ou seja, porque a tendência ao enjoo em viagens varia de pessoa para pessoa, estudos sugerem algumas hipóteses. É possível que ela ocorra devido a uma imaturidade do labirinto, que pode ou não se estabilizar com o avanço da idade, à influência de fatores hormonais, como a menstruação e a gravidez, bem como ao processo de habituação. Isso significa que crianças, mulheres e pessoas não acostumadas a viajar podem sofrer mais frequentemente com a experiência do mal do movimento.
Enjoo infantil em viagens
Não é difícil perceber que mais crianças enjoam ao viajar do que adultos. Muitas pesquisas científicas inclusive já foram feitas sobre isso e constataram que a cinetose não apenas é mais frequente em crianças, como varia conforme a faixa etária. Ela tem se mostrado mais comum a partir dos seis ou sete anos de idade, com o pico do transtorno ocorrendo por volta dos dez anos. Diversos estudos concluíram também que a prevalência de cinetose é estatisticamente mais significante entre as meninas do que entre os meninos.
Embora seja um problema frequente, muitas vezes o enjoo das crianças ao viajar passa despercebido, provavelmente devido à dificuldade em diagnosticar problemas no equilíbrio do ouvido interno, o que é conhecido como labirinto ou sistema vestibular. Os sintomas são subjetivos e variáveis, tornando complexa a expressão do desconforto pelos pequenos. O apoio e tratamento adequados, contudo, são essenciais para superar os impactos que o enjoo em viagens pode ter no desenvolvimento e bem-estar das crianças.
O que afeta a intensidade dos enjoos ao viajar?
Diversos fatores exercem influência na intensidade dos sintomas da cinetose, muitos deles ligados ao ambiente: o tempo de exposição e a amplitude dos movimentos do veículo são determinantes para a reação do corpo. Enquanto passar horas em um navio em meio a uma tempestade pode provocar enjoos intensos, uma viagem de carro de uma hora em uma estrada quase sem curvas tende a causar menos desconforto. Além disso, motoristas tendem a experimentar sintomas mais leves em comparação a passageiros, pois, ao estarem no controle, conseguem antecipar os movimentos do veículo e instintivamente ajustar sua postura para alinhar-se melhor ao balanço.
Qual o melhor remédio para enjoo de viagem?
Há diversos neurotransmissores que participam do mecanismo da vertigem e da náusea, o que permite que uma grande variedade de medicamentos sejam utilizados para tratar a cinetose, como os da classe dos antieméticos. Não há, contudo, evidências de superioridade entre os fármacos para o controle desses sintomas. O que vai variar são os mecanismos de ação, as interações medicamentosas e os efeitos colaterais de cada um deles. Isso faz com que a escolha de qual o melhor remédio para enjoo em viagem deva ser sempre a critério médico, mediante avaliação individual do paciente.
Tomar o remédio para enjoo antes da viagem
Alguns médicos recomendam iniciar a medicação para cinetose certo tempo antes da viagem como uma medida preventiva, podendo variar de algumas horas a até mesmo alguns dias. Isso ocorre porque certos medicamentos usados para tratar a cinetose precisam de um período de tempo para atingir níveis eficazes no corpo e prevenir os sintomas antes que eles ocorram.
Além disso, essa estratégia também pode estar relacionada ao fato de que muitos medicamentos usados para tratar a cinetose têm o potencial de causar sonolência e uma certa “ressaca” como efeito colateral. Ao começar a medicação com antecedência, o corpo tem a chance de se ajustar gradualmente aos efeitos do medicamento, reduzindo a probabilidade de ficar muito mole e prostrado durante a viagem.
No entanto, é importante seguir as instruções médicas e as orientações específicas para cada medicamento, pois a eficácia e os efeitos podem variar. Sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar qualquer medicação para cinetose, especialmente se você estiver considerando a prevenção antes da viagem.
Remédios alternativos para enjoo
Há ainda, além das opções alopáticas, medicamentos de homeopatia, tratamentos de medicina alternativa, como a acupuntura, aromaterapia e até mesmo remédios caseiros para não enjoar na viagem. A escolha entre as diferentes opções pode depender das preferências pessoais, histórico de saúde e experiências individuais. Às vezes, encontrar a opção certa envolve experimentar diferentes abordagens e avaliar como cada corpo responde. E nem sempre é necessário escolher uma única abordagem. Algumas pessoas combinam diferentes métodos para melhorar o enjoo de movimento. Contudo, é sempre uma boa ideia consultar um médico ou um profissional de saúde antes de experimentar novas abordagens, especialmente se você tiver preocupações de saúde ou seja gestante ou lactante.
O que fazer para aliviar o enjoo na viagem?
Quando se está no meio de uma viagem e enfrentando uma crise de cinetose, tudo o que queremos saber é o que fazer para passar o enjoo rápido. Há várias medidas indicadas para tentar aliviar o enjoo na viagem, embora a eficácia de cada uma delas varie de pessoa para pessoa. As mais conhecidas são:
- Acupressão para enjoo: A acupressão é uma técnica semelhante à acupuntura, mas sem o uso de agulhas. Ao primeiro sinal de náusea, estimule o ponto de acupressão PC6 (Pericardium 6), localizado na parte interna de qualquer um dos pulsos, três dedos acima da dobra do punho, entre os tendões. Pressione suavemente por pelo menos 1 a 2 minutos, até se sentir melhor. Movimentos circulares ou pressão estática são eficazes, dependendo da preferência pessoal.
- Aromaterapia para enjoo: Certos óleos essenciais podem ajudar nas crises de cinetose. Por exemplo, o mentol presente no óleo essencial de hortelã-pimenta tem efeitos relaxantes nos músculos do trato gastrointestinal quando inalado. Já o óleo essencial de gengibre é conhecido por suas propriedades antieméticas, o que significa que pode ajudar a prevenir ou aliviar náuseas. Alguns óleos essenciais, contudo, podem ser inseguros para gestantes, lactantes, pessoas com certas condições médicas ou em combinação com certos medicamentos. Consulte um profissional de saúde antes de usar, especialmente em crianças.
- Bala ou chiclete para enjoo: Balas ou chicletes podem ajudar a manter a boca úmida, o que tende a reduzir a sensação de náusea. Melhor ainda se o sabor escolhido for de hortelã-pimenta ou gengibre, dado que o aroma desses ingredientes tende a acalmar o sistema digestivo. Prefira sempre opções sem açúcar, pois ele pode causar flutuações nos níveis de glicose no sangue, o que pode agravar a sensação de enjoo.
- O que tomar para enjoo: Ingerir um pouco de água em pequenos goles pode ajudar a acalmar o estômago. Adicionar um pouco de limão espremido ou gengibre fresco ralado na água, ou optar pela água com gás gelada, pode ser ainda mais eficaz para aliviar as náuseas. Chás de ervas como gengibre, hortelã-pimenta, alecrim ou camomila também podem ter propriedades calmantes para o sistema digestivo. Contudo, alguns destes ingredientes podem conter compostos que podem não ser seguros durante a gravidez, amamentação ou para crianças pequenas e mais sensíveis. Consulte um médico antes de os introduzir.
- Técnicas de respiração para enjoo: Certas técnicas de respiração podem aliviar os sintomas da cinetose, relaxando o sistema nervoso e diminuindo a ansiedade. Experimente a respiração profunda abdominal, expandindo o abdômen enquanto inspira e exalando lentamente. Outra técnica é a respiração 4-7-8, onde você inspira pelo nariz por 4 segundos, segura por 7 e expira pela boca por 8.
- Tomar um ar fresco: Sentir o vento no rosto, abrindo uma janela do veículo ou direcionando a saída de ar condicionado para si, pode proporcionar um estímulo adicional ao sistema vestibular, que está envolvido na detecção de movimento e equilíbrio. Isso pode ajudar a sincronizar melhor as informações sensoriais, reduzindo o conflito e a náusea associada.
- Movimentar o corpo: Quando possível, caminhar um pouco dentro do veículo ou fazer uma parada no trajeto para movimentar as pernas estimula o sistema vestibular, ajudando a realinhar as informações sensoriais e a reduzir a sensação de conflito entre movimento visual e equilíbrio interno.
- Tombar a cabeça para um dos lados: Durante uma crise de cinetose, deitar a cabeça para um dos lados pode ajudar a reduzir a variação de pressão nos ouvidos e, consequentemente, aliviar os sintomas. Isso ocorre porque a variação de pressão no ouvido interno pode afetar o equilíbrio e contribuir para a sensação de enjoo. Ao deitar a cabeça de lado, você pode minimizar essas variações de pressão e, possivelmente, reduzir o desconforto associado à cinetose.
- Tampar um dos ouvidos: Usar um dedo ou a palma da mão para cobrir suavemente apenas um dos ouvidos pode ajudar a reduzir os sintomas de cinetose, pois essa ação diminui a quantidade de informações sensoriais conflitantes que o cérebro está recebendo. No entanto, essa técnica pode causar desconforto para algumas pessoas mais sensíveis.
Lembre-se de que as reações individuais variam e nem todas as técnicas podem funcionar para todos os membros da família. Se os sintomas forem graves ou persistentes, buscar orientação médica é sempre aconselhável.
O que fazer para evitar o enjoo ao viajar?
Geralmente é mais difícil interromper os sintomas de uma crise de cinetose após ela ter iniciado do que tomar medidas para evitar que ela comece. Uma vez que os sintomas da cinetose já estão presentes, o sistema vestibular e as informações sensoriais do corpo já estão desalinhados, o que pode tornar mais desafiador aliviar imediatamente os sintomas.
Veja então algumas técnicas para prevenir a cinetose antes da viagem, que podem ser mais eficazes do que tentar interromper os sintomas depois que eles começaram:
- Evitar a exposição a odores fortes, que possam causar desconforto, pedindo para os demais membros da família não usarem perfume nem levarem alimentos com cheiros mais intensos dentro do veículo.
- Evitar bebidas alcoólicas, cafeína, açúcar e refeições pesadas e gordurosas antes da viagem, mas também não viajar com o estômago completamente vazio.
- Manter a hidratação, mas evitar ingerir grandes quantidades de líquidos de uma só vez.
- Manter o olhar fixo em um ponto distante e estável no horizonte para sincronizar as informações visuais e internas.
- Certificar-se de que há boa circulação de ar no ambiente e considerar abrir uma janela para sentir o vento no rosto.
- Evitar ler, usar dispositivos eletrônicos ou fazer atividades que exijam foco visual próximo.
- Colocar uma pulseira de acupressão, que estimula pontos do pulso relacionados ao alívio de náuseas, 20 a 30 minutos antes da viagem e mantê-la durante todo o trajeto pode prevenir os sintomas de cinetose para algumas pessoas.
Qual a melhor posição para não enjoar em viagem?
A posição mais indicada para minimizar os sintomas da cinetose ao viajar pode variar de pessoa para pessoa, mas geralmente, escolher um assento onde você fique com a coluna reta e tenha uma visão clara do horizonte pode ser útil. Sentar-se virado para a frente e olhar para a estrada à frente pode ajudar a sincronizar melhor as informações visuais com as sensações internas do corpo, reduzindo o conflito sensorial que causa a cinetose. Evitar sentar-se de costas para a direção do movimento ou olhar para baixo pode ser benéfico para alguns indivíduos. Além disso, escolher um assento que tenha menos vibrações e movimentos excessivos, como um assento na parte da frente do veículo ou próximo às asas em um avião, também pode ajudar a minimizar os sintomas. No entanto, a posição ideal pode variar de acordo com as preferências e respostas individuais, então é importante ajustar e experimentar diferentes posições para encontrar a que melhor funcione para você.
Enjoo em viagem tem tratamento?
Para quem procura como acabar com o enjoo de viagem de forma mais permanente, o ideal é procurar um médico otorrinolaringologista. Apesar da cinetose ainda não ter cura definitiva, há opções de tratamento. Além do uso de medicamentos prescritos pelo médico, que visam aliviar os sintomas pontualmente, há algumas terapias de reabilitação labiríntica realizadas pelo otorrino, que expõem os pacientes repetidamente às situações de conflito, gerando memória e tolerância progressiva aos diferentes padrões de movimento.
A boa notícia é que o tempo também pode ser um bom remédio, uma vez que a cinetose nem sempre é definitiva. No caso das crianças, o amadurecimento do conjunto de órgãos internos do ouvido, que ocorre na adolescência, pode melhorar os sintomas ou até mesmo fazer com que eles desapareçam por completo. E, quando a cinetose prevalece na idade adulta, curiosamente o envelhecimento pode trazer um alívio. A partir dos 50 anos há uma redução da função labiríntica, que costuma reduzir os sintomas.
Dicas de viagem para quem enjoa
Se a sua é família apaixonada por viagens, mas enfrenta desafios de enjoo durante os deslocamentos, não se preocupe! Aqui estão algumas dicas valiosas para tornar suas aventuras mais agradáveis e livres de náuseas.
Em casos mais graves de cinetose, se o enjoo é uma preocupação, considere evitar viagens em que não haja escapatória de uma crise, como as de navio. Em vez disso, escolha opções de transporte onde é possível parar ou sair em caso de necessidade. Isso proporciona uma sensação de controle e tranquilidade.
Optar por roteiros com menos deslocamentos por veículo pode ser uma estratégia eficaz. A chamada “slow travel”, onde você se concentra em menos destinos, permite um ritmo mais tranquilo e menos estresse para quem é propenso ao enjoo. Menos horas no veículo significam menos chances de enfrentar crises de cinetose.
Para aqueles que recorrem a remédios para cinetose, uma abordagem consciente é essencial. Como muitos desses medicamentos causam sonolência como efeito colateral, planeje deslocamentos para períodos noturnos, minimizando a perturbação do ciclo circadiano. Além disso, evite agendar atividades intensas logo após os desembarques, permitindo que todos tenham tempo para se reajustar.
Lembre-se de que o apoio e a compreensão da família são fundamentais. Mantenha a comunicação aberta, para que todos possam se ajustar às necessidades de cada membro durante a viagem.
Com um planejamento cuidadoso, escolhas conscientes, acompanhamento médico e técnicas naturais à disposição, você pode aproveitar as aventuras em família sem ser afetado pelo enjoo. Lembre-se de que cada pessoa é única, então experimente diferentes abordagens para encontrar o que funciona melhor para você. Siga essas dicas e embarque em suas viagens com confiança e conforto.
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