Vacinas no Brasil: por que são importantes?
Tendência de queda na cobertura vacinal no Brasil coloca crianças em risco de doenças evitáveis. Veja como fazer a sua parte e porquê viagens nacionais e internacionais exigem imunização em dia
Por: Redação
Por muito tempo, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos de existência em 2023, foi considerado um exemplo para o mundo devido à alta taxa de adesão dos brasileiros, que garantiu o sucesso no controle da circulação de diversos vírus de alta relevância para a saúde pública no país. Mas este cenário mudou. Conforme aponta uma reportagem publicada na Agência Senado, a cobertura vacinal do Brasil vem caindo de forma vertiginosa nos últimos anos, deixando especialmente as crianças cada vez mais vulneráveis a doenças que podem levar a sequelas e até a morte.
Para que exista a proteção coletiva e o Brasil fique blindado contra as doenças, o recomendável é que entre 90% e 95% das crianças, no mínimo, estejam imunizadas. Até 2014, os pais prontamente atendiam às chamadas do Ministério da Saúde e levavam seus filhos aos postos, de forma que a cobertura vacinal costumava ficar acima dos 90%, por vezes alcançando os 100%. Mas uma queda generalizada começou em 2015, atingindo a pior marca em 2021.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em 2021, somente em torno de 60% das crianças foram vacinadas contra a hepatite B, o tétano, a difteria e a coqueluche. Contra a tuberculose e a paralisia infantil, cerca de 70%. Contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, o índice não chegou a 75%. A baixa adesão se repetiu em diversas outras vacinas. Isso explica em parte por que o Brasil vem experimentando surtos de doenças até então controladas, como o sarampo, e porque após três décadas sem nenhuma ocorrência da poliomielite, em 2022 foi registrado um caso no Pará.
O presidente da SBIm, Juarez Cunha, declarou em agosto de 2022 que: “São muitos os fatores que nos trouxeram para este patamar, sendo os principais: a falta de campanhas efetivas e contínuas de comunicação, a população com baixa percepção de risco devido ao controle das doenças imunopreveníveis, e a campanha de desacreditação da ciência e das vacinas como instrumento seguro de proteção da saúde.
Apesar da polêmica sobre a obrigatoriedade da imunização, que foi reacendida com as discussões políticas e ideológicas durante a pandemia da COVID-19, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece como obrigatória a vacinação infantil nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. Em caso de descumprimento, os pais podem ser multados, acusados de negligência e até responder por homicídio doloso (quando não há intenção de matar) se ficar provado que a criança morreu por não tomar vacina. Ocorre que essas punições raramente são aplicadas, o que encoraja o descumprimento da lei.
Independentemente da obrigatoriedade, nunca é demais lembrar que a vacinação é um pacto coletivo, que há décadas tem salvado milhões de pessoas de serem contagiadas e morrerem por doenças virais. Isso significa que a vacina não protege apenas quem a toma. Quanto mais pessoas forem imunizadas, menos o vírus circula no ambiente, evitando que aquelas que por algum motivo não podem ser vacinadas sejam contaminadas. Sem as vacinas, é provável que a expectativa de vida seria muito menor do que é hoje, especialmente entre as crianças e os grupos mais vulneráveis.
As vacinas são importantes ainda para prevenir a sobrecarga dos sistemas de saúde, uma vez que ajudam a prevenir epidemias e pandemias que podem levar a um grande número de hospitalizações simultâneas. Isso permite que os profissionais de saúde se concentrem em tratar outras doenças e condições de saúde, reduzindo as taxas de mortalidade como um todo. É por essa razão que a vacinação salva incontáveis vidas – seja direta ou indiretamente.
Essa conscientização é ainda mais importante para as famílias viajantes. Especialmente para quem transita em outros estados e países, recomenda-se sempre estar devidamente vacinado. Assim é garantida a proteção tanto individual como coletiva contra doenças e vírus que estão erradicados no destino de origem, mas que ainda circulam em outros territórios — evitando assim que os viajantes sejam um hospedeiro de algum vírus.
Nas viagens nacionais, o Ministério da Saúde recomenda que a população, observada as faixas etárias, atualize as seguintes vacinas: covid-19, influenza, febre amarela, poliomielite, meningite, hepatites A e B, rotavírus, pentavalente, dupla adulto (tétano e difteria), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), entre outras. Confira aqui os calendários de vacinação de todas as faixas de idade.
No caso das viagens internacionais, alguns países podem exigir Certificado Internacional de Vacinação para entrar em seus territórios, como é o caso das vacinas contra a covid-19, febre amarela e poliomielite. Esse documento pode ser obtido pelo aplicativo Conecte SUS Cidadão.
Links úteis:
Confira aqui os calendários de vacinação de todas as faixas de idade.
Confira a sua carteira de vacinação digital acessando Conecte SUS Cidadão.
#DicaFamilyTrippers: Conecte SUS garante seu passaporte vacinal para viagens nacionais e internacionais.