Noruega e as fantásticas luzes do Norte
Nas regiões do extremo norte do planeta, a cidade de Tromso e o pequeno Arquipélago de Lofoten são o palco perfeito para o avistamento da incrível aurora boreal.
Por Johnny Mazzilli
Muito já se especulou sobre esse fantástico fenômeno natural. Seriam espíritos dos antepassados tentando se comunicar com os vivos? Ou eram presságios e mensagens dos deuses a anunciar boas colheitas, a proximidade de guerras ou tragédias? Muitos povos tiveram, ao longo dos tempos, interpretações bastante peculiares para as misteriosas luzes dançantes no céu. Imaginemos um tempo muito, muito distante, quando a ciência não existia ou era ainda incipiente. Tudo era deduzido a partir da observação da natureza. O que pensavam as pessoas daqueles tempos quando assistiam ao fenômeno, sem terem a menor ideia do que era aquilo? O jeito era apelar para a imaginação e, para a criançada, isso é o que não vai faltar para começar bem essa viagem tão peculiar, cheia de lendas incríveis envolvidas pelos mistérios das luzes.
Foi Galileu Galilei quem batizou as luzes, em homenagem à Aurora, a deusa do amanhecer e a seu filho Bóreas, o portador dos ventos do norte. Os antigos gregos e romanos acreditavam que era a aurora que trazia cada novo amanhecer. No campo do folclore, as interpretações eram vastas e curiosas. No norte do Alaska, por exemplo, os nativos andavam sempre com uma faca para se proteger de um eventual ataque das luzes.
Hoje a ciência sabe bastante a respeito. As auroras boreais são causadas pela atividade solar. Gigantescas erupções solares, chamadas de vento solar, entram em contato com os gases da atmosfera. Essa colisão tem como resultado a liberação de energia luminosa. Essa é, de um modo simplificado, a explicação científica deste maravilhoso fenômeno.
A observação das auroras era, até pouco tempo, uma atividade praticada quase exclusivamente por adultos. E por quê? Talvez pelo fato de que as auroras acontecem em regiões frias; na maioria das ocasiões é necessário dirigir noite adentro em busca das luzes, o que aborreceria e exporia as crianças ao frio. A boa notícia é que não há motivos para não proporcionar essa incrível experiência aos pequenos, e cada vez mais os viajantes mirins estão embarcando nessa fantástica caçada. Há maneiras confortáveis de fazer essa viagem e essa incrível experiência só ajuda a estreitar laços e memórias quando a família toda se encontra, extasiada, frente a esse fenômeno tão peculiar.
Para participar dessa aventura, é melhor que a criança tenha pelo menos sete ou oito anos, a fim de que aproveite melhor a experiência. Nada impede que crianças ainda mais jovens participem, mas os muito novinhos por motivos óbvios não terão o mesmo aproveitamento. Já os adolescentes vão curtir muito essa expedição completamente diferente.
Para isso, basta um veículo aquecido – e os veículos utilizados nestas regiões são sempre aquecidos – vestimentas e calçados reforçados (que devem ser trazidos do Brasil mas também alugados localmente em atividades especificas). A caçada às auroras não exige esforço físico, caminhadas ou adentrar em terrenos desconhecidos. Na maioria das vezes, basta dirigir rumo a áreas mais escuras e afastadas das cidades, a fim de sair da interferência luminosa, estacionar o carro na beira da estrada e dela se afastar uns poucos metros. Tampouco é preciso ficar horas exposto ao frio e ao vento – com o veículo por perto, basta retornar a ele e ficar um pouco dentro, descansando no quentinho com chá quente e biscoitos, e em seguida sair novamente para ficar mais um pouco lá fora. Durante os deslocamentos, vale também entretê-los no veículo com atividades como leitura, jogos ou contação de histórias e lendas, que ajudam o tempo a passar. Se, para nós adultos, a observação da aurora é uma experiência absolutamente inesquecível e fascinante, imaginemos o quanto pode ser marcante na mente das crianças. Sem sombra de dúvida eles serão positivamente impactados por toda a vida!
Com sorte, é até possível e ainda mais confortável se hospedar em um hotel igloo ou chalé com janelões e portas de vidro, através dos quais é possível observar o curioso fenômeno, estando no quentinho (veja boas opções no final da matéria). Mas não façam disso uma expectativa certa; como todo fenômeno natural, não há como ter a certeza de que isso vá acontecer. Como não é possível “combinar com a Dona Aurora”, o jeito é ficar aberto à todas as possibilidades.
Tromso
No norte do país, é fácil chegar no aeroporto de Tromso, a partir de voos direto das capitais européias como Paris, Londres ou Oslo.
A cidade tem muitas facilidades e enquanto a noite não chega para caçar auroras boreais, as famílias podem brincar na neve, dar boas gargalhadas com quedas de trenó, fazer trilhas, moto de neve ou até mesmo dog sledding, puxados por cães “de neve”: malamutes do Alaska, huskies siberianos,…Uma maneira de conhecer um meio de transporte bem diferente.
Um passeio super diferente e que as crianças vão adorar é conhecer os povos indígenas Sami, do norte da Noruega. Eles têm fazendas de renas, fazem passeios e deixam alimentar os animais. E melhor: as crianças terão a sensação de estarem dentro do filme Frozen, da Disney, vendo pessoas com roupas tradicionais como os personagens Kristoff e Anna.
E, de noite, é chegada a hora de caçar a aurora. Dois lugares interessantes para isso: a prainha de Telegrafbukta ou o Fjellheisen, teleférico de onde dá para ter uma vista linda da cidade, canal e ponte. A dica é subir antes do anoitecer para ver as luzes se acendendo. Há um restaurante onde é possivel tomar uma cerveja ou um chocolate quente. E, uma vez caída a noite, vocês podem ter a sorte de ver a cidade iluminada em baixo e uma bela aurora boreal em cima, no céu.
Ilhas Lofoten
Para quem busca uma opção mais favorável de encontrar a aurora boreal no norte da Noruega, é interessante ir até as Ilhas Lofoten, que são muito mais que um ponto de observação privilegiado. Há diferentes aeroportos no arquipélago que recebem pequenos aviões turbo hélice e é possível chegar de Oslo, de Tromso, de Bodo…O Arquipélago tem uma geografia única para ver a aurora: dramática e eloquente, formada por centenas de montanhas, fiordes, baías, ilhas, estreitos e canais, onde as estações do ano e suas rigorosas transformações produzem visuais mutantes e absolutamente encantadores. As ilhas são também um local de pesca milenar do Bacalhau do Atlântico, com uma ancestral cultura pesqueira e bucólicos cenários marinheiros. Os fiordes são o lar das lindas (e enormes!) águias marinhas que fazem seus ninhos nos penedos.
Em 1981, um agricultor encontrou alguns cacos de louça. Os primeiros arqueólogos desconfiaram que o achado podia ter alguma importância, e as escavações revelaram os remanescentes da maior moradia viking já descoberta, reconstruída e transformada num inusitado museu, o Lofotr, que mantém vivas algumas tradições da época, como a produção de pães, a forja de espadas e a tecelagem, sempre sob a luz bruxuleante e amarelada de lamparinas alimentadas a óleo de fígado de bacalhau. Um passeio para se sentir totalmente viking!
Uma parada obrigatória na capital Oslo também vai ampliar o conhecimento da família toda sobre a cultura norueguesa. A cidade é incrível e possui vários museus, entre eles o National Museum (com pinturas de Edvard Munch), o próprio Munch Museum e o Museu do Navio Viking (atualmente em reforma com previsão de reabertura em 2026) e o Norsk Folkemuseum que é um museu ao ar livre com réplicas de casas de diversas regiões da Noruega além de uma igreja datada de 1200. A experiência de andar pelas ruazinhas do vilarejo e encontrar pessoas com roupas típicas, com bebidas, comidas e danças folclóricas é bem divertida.
Serviços
Hotéis de onde podem ter a sorte de ver uma aurora boreal:
Em Tromso
Conheça o Tromso Lodge & Camping
Em Senja
Conheça o Aurora Borealis Expedition
Conheça o Senja Fjordhotell
Em Lofoten
Conheça Lofoten Links Lodges
Conheça o Eliassen Rorbue
As agências Viajar com Crianças e Viajar com Adolescentes podem organizar este roteiro.
Dicas da Família Way do que não pode faltar na mala
Gate
Destiny
Fly
Trip
Hope
Nick
O Nick precisa da caixa transportadora, da coleira prática, da garrafa para beber água