África do Sul em família: um sonho agora mais perto
Com a retomada dos voos diretos ligando os dois países, um dos destinos mais fascinantes do planeta volta a se aproximar do Brasil
Por Mari Campos
Savanas, safáris, praias, montanhas, vinícolas, florestas, lagoas, museus. São tantos os atrativos dos destinos sul-africanos que seria preciso uma edição inteira só para listá-los. A boa notícia é que um dos países mais fascinantes do mundo volta a se aproximar do Brasil, com duas companhias aéreas anunciando a retomada de seus voos diretos a Joanesburgo – e a bem-vinda adição de voos diretos à Cidade do Cabo em uma delas.
São apenas 9h de voo que separam São Paulo de Joburg – apelido carinhoso que a maior cidade da África do Sul (na extremidade austral do continente africano) há tantos anos recebeu de seus moradores e visitantes frequentes. De lá, as conexões para outros cantos do país (e do próprio continente) são fartas e simplificadas.
Para celebrar a boa nova, que tal um delicioso giro em família por lá, vendo ao vivo e em muitas cores muito mais que qualquer livro, filme ou documentário poderia ensinar? Dos safáris às belas praias, em contato com um povo genuinamente hospitaleiro, aperte os cintos e se junte a esse roteiro redondinho por uma viagem repleta de emoções e memórias significativas.
Joanesburgo, uma metrópole vibrante
Joburg é uma cidade surpreendente, com cenas culturais e artísticas interessantes. Segura? O turista deve tomar as mesmas precauções que toma em casa. Tem gastronomia de primeira e uma excelente rede hoteleira, incluindo propriedades extremamente charmosas como o hotel boutique AtholPlace ou o luxuoso Four Seasons Westcliff Johannesburg. Outra opção muito prática é o The Maslow, que oferece shuttle para o shopping Sandton Mall, perto do Mandela Square, que homenageia o maior ícone do país com uma estátua de 6 metros e reúne diversos restaurantes, lanchonetes e lojas ao seu redor.
Seus principais museus podem ser bastante educativos para viajantes de todas as idades, como o Museu do Apartheid que desde a entrada já separa as pessoas brancas das pretas. Noções fortes e importantes que podem ser aprendidas desde cedo. Aproveite para apresentar a história do Nelson Mandela e sua luta. Já o Wits Origins Centre apresenta fósseis e exposições interativas sobre a origem da humanidade.
Para quem não vai até o Kruger e passa uma semana na cidade, existem safáris possíveis em parques nacionais ou game reserve privativa que podem ser alcançadas por via terrestre nos arredores, como Pilanesberg e Madikwe, ambas em áreas livres de malária e com trajetos de 3h a 5h de carro. A maioria dos safáris de carro aceitam crianças somente acima de 6 anos. Mas em Pilanesberg é possível fazer self drive (com carro próprio) ou safáris com carro exclusivos (mais caros). Já no Madikwe, alguns lodges têm kids club especiais e outras programações para crianças menores.
E para uma diversão completa, a sugestão é o complexo de Sun City, com parque aquático, campo de golfe, aquários, cachoeiras, casino e hotéis de luxo. Destaque para o famoso The Palace, o primeiro hotel 6 estrelas do mundo (veja mais detalhes aqui).
Foto 1: Museu do Apartheid / Foto 2: Praça Mandela / Foto 3: The Palace, Complexo Sun City
A emoção inigualável dos safáris
A reputação sul africana de emocionantes safáris e lodges eco-conscientes não é por acaso: o país foi um dos grandes precursores em aliar aventura, segurança, estilo e conforto nas explorações turísticas de locais remotos e selvagens. Suas savanas vão muito além dos chamados big 5 (leão, leopardo, elefante, búfalo e rinoceronte): guardam as mais fascinantes espécies animais, de pássaros a grandes mamíferos, e não há melhor aula de biologia para os pequenos do que se juntar a um game drive (safáris em carro).
Apesar de frequentemente associados ao romance, os safáris são das melhores atividades turísticas para se fazer em família. O destino mais famoso do país é o Parque Nacional Kruger, acessível via voos privativos que pousam diretamente em reservas privadas ou voos regulares aos aeroportos de Skukuza, Mbombela, Hoedspruit e Phalaborwa. O maior parque voltado para safáris do mundo permite também as aventuras self-driven, dirigindo seu próprio carro em áreas delimitadas. Mas atenção: ali você precisa zelar pela sua segurança o tempo todo e lembrar que são animais selvagens, que podem ter reações inesperadas. É preciso dirigir na mão inglesa, não pode fazer off road atrás de animais mais difíceis de avistar, as estradas são de asfalto e tem que lidar com os horários determinados pela administração local, banheiros químicos e infraestrutura limitada. São várias restrições que acabam deixando a aventura menos interessante com crianças, sendo os safáris em reservas privativas o mais indicado para famílias. E é uma pena ir tão longe e não ter experiências mais autênticas, com Rangers (guias especialistas com formação técnica) que sabem dirigir na savana, respeitar e se aproximar dos animais e que dão aulas de biologia. Com certeza essa segurança extra é importante.
São as reservas privativas dos arredores, na área chamada de Greater Kruger, frequentemente sem cercas para o parque nacional, que reúnem os melhores lodges para famílias e a melhor experiência de safári com crianças, de opções mais econômicas a recantos de luxo, para épicas, inesquecíveis e seguras aventuras em contato com a vida selvagem, conduzidas por guias experientes e certificados, que explicam a formação dos territórios e curiosidades sobre os hábitos e comportamentos dos animais.
Algumas reservas, como Sabi Sands e Manyaleti, reúnem majoritariamente lodges de luxo, como Sabi Sabi, Royal Malewane, Thornybush ou Singita – muitos deles com grandes vilas desenhadas especificamente para viagens multigeracionais em família (veja aqui sobre o Sabi Sabi Bush Lodge). Mas há também excelentes opções mais democráticas na região, como Kapama e Monwana. A maioria tem materiais infantis, livrinho para reconhecer animais e pegadas e oferecem uma atenção especial para crianças.
O ideal é apostar nos programas all inclusive desses lodges, com transfers, refeições, bebidas e duas saídas em safári por dia (ao amanhecer e entardecer) já previstas na tarifa. Só é preciso atenção na reserva porque muitos lodges têm idade mínima (6 anos) para crianças nos game drives. Alguns aceitam crianças menores em jeeps privativos.
Ali, além das saídas em carro com liberdade para explorar toda a savana, muitos lodges ofertam também walking safaris (trilhas guiadas à pé), safáris noturnos, jantares ao ar livre e ainda visitas a comunidades locais e projetos de conservação, em experiências turísticas realmente imersivas e sustentáveis. Essa é uma viagem onde todos aprendem muita coisa.
As cores dos campos ao amanhecer, o primeiro rinoceronte avistado, a família de elefantes se banhando junta em uma pequena área alagada, a parada para o café da manhã ou um lanchinho à tarde em plena savana, as grandes manadas de búfalos, aquele furtivo leopardo no alto de uma árvore, a silhueta das girafas contra o céu alaranjado do final de tarde, a focagem noturna dos leões… não há álbum de família ou redação de volta às aulas que resista.
Fotos Sabi Sabi Game Reserve
Gran finale no Cabo e arredores
Depois de emocionantes aventuras nas savanas, nada melhor que relaxar com o perfume da brisa do mar. A Cidade do Cabo, de espetacular beleza natural, é banhada pelo oceano Atlântico e ocupa uma península ao pé da imponente e inconfundível Table Mountain (ou Montanha da Mesa), maciço rochoso bem no meio da cidade.
O topo é facilmente alcançável a partir de bondinhos giratórios, que por si só já oferecem diversão; do alto, nos dias de tempo bom, há vistas panorâmicas impressionantes da cidade e arredores. Com céu realmente limpo, dá para ver até Robben Island, a ilhota que abrigou a famosa prisão que manteve Nelson Mandela encarcerado, hoje convertida em museu.
Os jardins botânicos de Kirstenbosch guardam exemplares exuberantes da flora regional protegida pela Unesco, incluindo fynbos e proteas – e vistas panorâmicas incomparáveis para a Table Mountain. Durante o verão, ainda acontecem ali aos domingos imperdíveis concertos ao ar livre.
Também no centro, caminhar pelas sempre animadas Kloof e Bree Streets – mais diversas e seguras que a famosa Long Street – é um programão. Ali pertinho fica a praça Green Market, com uma deliciosa feirinha de artesanato ao ar livre perfeita para as compras da viagem (principalmente se você for bom de pechincha). É ali que as crianças vão encontrar miniaturas em madeira dos animais avistados nos safáris.
Um pouquinho mais afastado fica o colorido Bo Kaap, fundado por descendentes de escravos e dissidentes islâmicos do sudeste da Ásia, erguido nas colinas de Signal Hill. Um programa literalmente delicioso em família são os tours gastronômicos e culturais pelo bairro.
O delicioso e vibrante V&A Waterfront, região portuária restaurada e repleta de lojas, bares, restaurantes, cinemas e atividades culturais, é imperdível. Ali, as famílias podem andar de roda gigante para ter uma vista imperdível da baía e da Table Mountain e os pequenos vão curtir o Two Oceans Aquarium. Já os maiores vão gostar do museu de arte contemporânea Zeitz MOCAA e fazer muitas selfies.
Os ônibus turísticos da CitySightseeing Bus, com tickets de um, dois ou três dias, podem ser uma boa pedida para espiar também áreas mais afastadas do centro da cidade, como Camps Bay, Hout Bay, as praias de Clifton e até vinícolas do vale de Constantia (algumas vinícolas têm atividades pensadas para as crianças e ótimos restaurantes para um belo almoço ao ar livre, se o tempo permitir).
O Waterfront, aliás, é pedida prática e frequente para a hospedagem, com fartura de hotéis e flats disponíveis, incluindo os luxuosos The Table Bay (que tem acesso direto para o shopping do V&A Waterfront e uma das melhores localizações das cidade), One&Only Cape Town e Cape Grace. Mas há também outras excelentes opções em hotelaria em distintas áreas da cidade, inclusive de grandes redes hoteleiras como Marriott e Radisson.
E há muito o que ver também nos arredores da cidade. O daytour mais famoso a partir da Cidade do Cabo passa por fazendas de avestruzes e leva à colônia de pinguins de Boulders Bay – as crianças costumam ir à loucura entre esses tão simpáticos animais – e à reserva natural de Cape Point Nature. Ali fica o ponto mais ao sul do continente africano – Cape Agulhas, popularmente conhecido como o Cabo das Tormentas ou Cabo da Boa Esperança -, com direito a farol e tudo. Esse lugar é importante para o aprendizado das crianças: vale lembrá-las de que foi nesse local que os navegadores portugueses descobriram o caminho para as Índias. Além da sensação de alcançarem todos juntos um dos marcos extremos do planeta, as vistas ali são arrebatadoras. E cuidado com as babuínos da região, que gostam de roubar lanches e arrancar boas gargalhadas de todos.
Com mais tempo disponível, vale também esticar até a bela Hermanus para ver baleias (de julho a novembro) e quem sabe até fazer o passeio para ver o tubarão branco, um dos maiores predadores do mundo. Com adolescentes (muitas companhias não autorizam crianças abaixo de 6 anos, já que o passeio dura pelo menos 4h, em alto mar), é interessante avistar os animais do barco – de preferência grande – sem necessariamente entrar na gaiola. A adrenalina acontece quase do mesmo jeito e ficam todos seguros. Outro estilo de passeio são as deliciosas Stellenbosch e Franschhoek, repletas de vinícolas, feirinhas, gostosos restaurantes, galerias de arte e belos cenários para piqueniques e atividades ao ar livre, como andar pelas vinícolas de bike, todos juntos.
O país mais hospitaleiro do continente africano ainda tem aventuras incríveis guardadas em destinos como a Rota Jardim, Rota Panorama (com o espetacular Blyde River Canyon), Port Elizabeth, Durban, outros Parques Nacionais… mas isso já é uma outra história, outra viagem.
Serviços
Como chegar
A partir de outubro, voos ligando diretamente a cidade de São Paulo a Joanesburgo serão retomados pela Latam e pela South African Airways. Esta última terá também voos diretos da capital paulista à Cidade do Cabo. Antes disso, é possível chegar do Brasil à África do Sul via conexão na Etiópia, no Oriente Médio ou na Europa, em trajetos mais longos.
Quando ir
A África do Sul é um destino satisfatoriamente visitável o ano todo. A melhor época para curtir safáris é do final do outono ao começo da primavera sul-africana – maio a outubro. Mas vale lembrar que no inverno faz mais frio no país e pode chover com mais frequência em destinos no litoral, como a Cidade do Cabo.
Uma extensão excelente para fazer é conhecer as Ilhas Maurícius ou conhecer a Tanzânia com adolescentes.
As agência Viajar com Crianças e Viajar com Adolescentes são especialistas no destino e podem organizar essa viagem para a sua família.
Gate
Ele adora levar eletrônicos para a viagem: celular, drone, máquina fotográfica, carregadores,..
Fly
Ela é apaixonada pelo mochilão de viagem colorido, mas adora também outros acessórios