Chapada Diamantina: o paraíso das cachoeiras
No centro da Bahia, a Chapada se revela um destino surpreendentemente familiar com atividades para todas as idades, entre trekkings e banhos de cachoeira, em meio a um dos cenários mais impressionantes do Brasil
Por Nathalia Hein
Às vezes é preciso se afastar do litoral, renunciar aos grandes resorts e optar pela aventura para entrar em contato com um Brasil que, embora bastante conhecido pelo ecoturismo, pouco permeia a mente de quem viaja com filhos. Mas esqueça a Bahia de praias infinitas adornadas por coqueiros e volte sua atenção para o interior, mais especificamente para o centro do Estado, onde está aninhado um dos cenários mais impactantes do país, a Chapada Diamantina.
Se sua primeira reação for de receio ao pensar em encarar um destino tão rústico com crianças, vale saber que a Chapada é sim um lugar para a família toda, incluindo crianças menores. Entre vales, montanhas com topos chapados (daí o nome), grutas, cavernas e cachoeiras, há tantas atividades que é possível montar roteiros com experiências diferentes para cada tipo de idade. O interessante desta viagem é justamente sair da zona de conforto, ter a ajuda mútua de cada um para vencer os obstáculos e também comemorar as realizações. Um dos primeiros pontos a considerar é a escolha de uma pousada ou hotel confortável, que possa servir de base fixa, e também como refúgio de redenção para descansar após os dias de passeios – que sim, são lindos, possíveis para os pequenos, e valem cada gota de suor.
Há algumas formas de chegar até a Chapada. É possível voar até Salvador e, de lá, alugar um carro ou transfer e dirigir cerca de 480 km. Mas a melhor opção é voar direto de São Paulo até o aeroporto Horácio de Matos, em Lençóis, que é, necessariamente, a cidade por onde sua viagem deve começar. A GOL oferece vôos com escala em Salvador.
Marcada pela arquitetura colonial, com casario do século 19, é um dos vilarejos que se formou ao redor do Parque Nacional por causa do garimpo, e acabou por se firmar como principal centro urbano da região, concentrando a maior parte dos hotéis, restaurantes, lojinhas e agências de turismo da Chapada. Uma das melhores opções da cidade, o Hotel Cantos das Águas foi reformado recentemente, tem quartos bastante confortáveis, alguns com piscina privativa, e toda a decoração utiliza peças de artistas locais. As áreas comuns, com jardins, convidam ao relax pré e pós passeios.
A ambientação ao destino acontece mesmo através das experiências que os dias na Chapada Diamantina, por isso vale ter um plano claro em mente – sete dias, com crianças, são suficientes para cobrir boa parte das atrações – mas sempre com o respaldo de um guia experiente que conheça bem os níveis de dificuldade das trilhas e as diferentes cachoeiras ou até uma agência que organize toda a logística e cada programa. A agência Viajar com Crianças tem roteiros individuais para o destino e também já lançou o grupo de famílias com crianças para as férias, o que pode ser interessante; ainda mais acompanhados por uma pedagoga que vai ensinar as caraterísticas da região.
Na Chapada os dias começam cedo. Por isso, depois de um café reforçado e de preparar uma mochila com muita água, snacks, protetor solar, repelente e uma “farmacinha de emergência”, siga à risca o roteiro proposto pelo seu guia. Um dos programas mais legais para imergir no clima da região inclui uma caminhada pelo Rio Lençóis, com passagem pelos Caldeirões do Serrano, lindas piscinas naturais formadas pelo relevo típico da Chapada, e uma trilha que se prolonga até o famoso Salão de Areias Coloridas, passa pela Cachoeira Primavera e termina no mirante da cidade. A trilha pode ser um pouco cansativa para crianças muito pequenas, mas as paradas ajudam a recuperar o fôlego, descontrair e seguir em frente. Esse é um dos motivos pelos quais é sempre melhor optar por um guia privativo, para que o ritmo da sua família seja respeitado. Esse passeio tem duração de meio dia. A outra metade pode ser para curtir o hotel ou a cidade de Lençóis e visitar o Mercado Cultural, a praça, as ruazinhas de pedra e os casarões que remontam a história do garimpo na cidade, que chegou a ser a maior produtora de diamantes do mundo.
Repita a rotina (e a mochila) a cada nova saída. Nem todas as atrações contam com estrutura e as distâncias entre elas podem ser longas. Seja como for, não deixe de incluir na programação a visita a Gruta Lapa Doce: 77 km separam Lençóis de Iraquara, onde está a gruta, que fica em uma propriedade privada e tem ingresso pago. O acesso se dá por uma trilha permeada pela flora típica da caatinga e uma descida até a gruta, 17 metros abaixo, numa escada com corrimão. Munidos de lanternas, todos tem um momento de impacto ao adentrar a galeria marcada por centenas de estalactites e estalagmites. É interessante ver a imaginação de cada um, tentando desvendar as diferentes formas e sombras. Esse é um daqueles momentos em que é preciso reverenciar a força da natureza – e reforça em nossos corações a certeza de que esse tipo de viagem é, sim, para ser feito com filhos, afinal, nada mais importante do que mostrar a eles essa imponência de milhões de anos.
Outro programa muito divertido para fazer em família, esse quase sem restrições de idade, é a visita ao Rio Pratinha (também pago, em uma fazenda privada), onde um lago cristalino convida a mergulhos e há uma tirolesa de 12 metros. Dali, a maioria das pessoas segue morro acima, com um trecho bem inclinado no final, vale dizer, até o Morro do Pai Inácio, que oferece vista panorâmica sobre o Parque Estadual da Chapada Diamantina.
Quem achar muito cansativo ir e voltar todos os dias dos passeios até Lençóis e estiver com crianças maiores, pode dividir a estadia com a cidade de Mucugê, outro vilarejo oriundo da época da mineração, com menos agito e bons hotéis. É o caso do Refúgio na Serra Boutique Hotel, um verdadeiro oásis de requinte e bom gosto: embora essencialmente romântica, oferece dois tipos de acomodações que comportam famílias com crianças acima de 10 anos, além de um restaurante e atividades pelos arredores.
Além de ser porta de entrada para o Vale do Pati (aventura que você lê numa próxima matéria) e para a cobiçada Cachoeira da Fumaça (a maior do Brasil), Mucugê também é mais perto de atrações como os imperdíveis Poço Azul e Poço Encantado (vale o aviso: crianças menores de 12 anos não podem entrar no poço). São grutas com poços de água fresca e cristalina que, a depender da incidência do sol – em geral entre 12h-14h, especialmente entre os meses de fevereiro e outubro – ficam em tons de azul turquesa. No Poço Azul pode-se fazer flutuação com colete, snorkel e máscara e a água é tão transparente que parece que voce está voando. Dentro do Poço foram encontrados fósseis de animais préhistoricos, incluindo uma preguiça gigante. Pauta para muita imaginação, várias histórias e aprendizados para a criançada trazer na bagagem.
Também é dali que deve partir quem quiser se aventurar por aquela que é mais cobiçada na região, a Cachoeira do Buracão, a 100 km de distância. A contratação de um guia é obrigatória e para chegar à queda, com impressionantes 85 metros de altura, é preciso vencer o desafio de uma trilha de cerca de 6 km, de nível fácil. Mesmo assim, o passeio é indicado para crianças acima dos oito anos, com pique para andar. A chegada recompensa qualquer cansaço e, mais uma vez, faz da natureza um emblema de poder e magnitude e nos coloca em devida proporção: uma lição de vida para sempre.
Serviços
ACESSO
Dá para voar direto para Lençóis ou desembarcar na capital Salvador e dirigir 480 quilômetros.
HOTÉIS
Hotel Canto das Águas – reserve aqui
Refúgio na Serra Boutique Hotel – reserve aqui
MELHOR ÉPOCA
A Chapada Diamantina pode ser visitada o ano inteiro, pois as chuvas nunca são muito intensas.
As Agências Viajar com Crianças e Viajar com Adolescentes tem roteiros individuais ou em grupos de famílias com pedagogos., como o que vai para a Chapada Diamantina nas próximas férias, de 17 a 24 de janeiro de 2024.
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