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Um safári aquático entre bichos de outro mundo

De pequenos dinossauros a tartarugas gigantes, espécies animais pré-históricas fazem das ilhas Galápagos, no Equador, uma divertida aula de biologia ao ar livre

Por Daniel Nunes Gonçalves

Parece até que chegamos ao Jurassic Park. Primeiro, ao entrar no hotel, vemos dezenas de tartarugas gigantes de uns 2 metros de comprimento e 100 anos de idade caminhando calmamente ao nosso lado. Mais tarde, quando entramos no mar azul-turquesa da praia de Tortuga Bay, quem nos dá um susto, nadando a 30 centímetros de nós? Uma colorida iguana marinha de 1 metro, que mais parece um pequeno dinossauro aquático. Não, nós não voltamos ao tempo dos dinossauros. Estamos nas espetaculares ilhas Galápagos, no Equador, uma das últimas grandes reservas naturais do planeta, onde simples mortais como você e eu e sua família podem interagir sem medo com raríssimas espécies de animais pré-históricos.

Melhor que zoológico: um “uau” atrás do outro

É por estar isolado no meio do Oceano Pacífico, a distantes 1.000 quilômetros da costa latino-americana, que o arquipélago de Galápagos conseguiu proteger tantos bichos incríveis ao longo dos séculos. Para chegar a este destino que encanta viajantes apaixonados por natureza de todas as idades — dos avós aos netinhos —, é preciso voar primeiro a uma das cidades equatorianas, como a capital Quito. Vale a pena parar por uns dias para levar as crianças até o Museu da Metade do Mundo, onde a Linha do Equador divide o planeta em dois hemisférios, e curtir ali experimentos curiosos como a água escoando pelo ralo no sentido horário (no lado sul) ou anti-horário (no norte).

De Quito, são mais 2 horas de voo até o arquipélago. Depois de aterrissar em uma das únicas 3 ilhas com aeroportos (do total de 127 ilhas), começa uma espécie de safári aquático em que a gente grita um “uau!” atrás do outro. É mais legal e instrutivo que qualquer zoológico, porque em Galápagos todos os bichos estão livres e felizes no seu habitat.

Entre lobos-marinhos e pelicanos em Puerto Ayora

Embora boa parte da fauna tenha origem pré-histórica, as únicas 4 ilhas habitadas — Santa Cruz, São Cristóvão, Isabela e Floreana — não são lugares remotos do tempo das cavernas. Com cerca de 25 mil habitantes, a ilha de Santa Cruz, melhor base para conhecer o arquipélago, conta com hotéis, restaurantes e a estrutura mais completa para quem prefere se hospedar em terra firme, em vez de dormir em barcos. Fica em Puerto Ayora, principal cidade de Santa Cruz, o porto estratégico de onde saem as embarcações para bate-e-voltas às ilhas vizinhas. Lobos-marinhos descansam na calçada do cais, enquanto pelicanos tentam roubar uns pescados no mercado de peixe.

Faz-de-conta que você é Charles Darwin

É nestes passeios de barco que crianças e adultos se sentem verdadeiros exploradores dessas ilhas remotas. Dá para ver tubarões, baleias, golfinhos; tem pinguim, lobo-marinho e quase 3 mil espécies marinhas; atobás de patas azuis e de patas vermelhas, e 45 espécies de pássaros que só existem ali. Essa fartura de fauna, e as diferenças sutis entre os bichos de cada ilha, deixou intrigado o mais famoso dos visitantes de Galápagos. O naturalista britânico Charles Darwin (1809–1882) navegou por essas águas remotas em 1840, no lendário barco Beagle comandado pelo capitão Fitz Roy, e desenvolveu estudos que foram essenciais na sua teoria sobre evolução das espécies. Essa é uma viagem que traz muito encantamento e aprendizados para toda a família!

Divertida aula de biologia ao ar livre

Segundo Darwin, não são as espécies mais fortes que sobrevivem, mas sim as que melhor se adaptam ao ambiente. Esta e outras lições sobre a riqueza da diversidade de Galápagos fazem qualquer passeio com um bom guia local se transformar em uma verdadeira aula sobre como cada bicho vive, come e se reproduz. Sabia que a fragata tesourão macho infla uma espécie de cachecol vermelho no pescoço para paquerar as fêmeas? E que “George Solitário”, o último representante da subespécie de tartaruga-das-galápagos-de-pinta, que faleceu em 2012, pode ser visto embalsamado na sede do Parque Nacional em Puerto Ayora? Ali perto, a Estação de Pesquisa Charles Darwin também merece uma parada para conhecer a importância de manter o arquipélago preservado.

Foto 1: Pássaro Fragata tesourão macho com peito inflado / Foto 2: Museu e Estação Charles Darwin

Melhor para crianças que sabem nadar

Mas é nos passeios, tanto por terra em Santa Cruz quanto de barco pelas ilhas vizinhas, que pais e filhos mais se conectam ao descobrir, juntos, as surpresas de Galápagos. Crianças com mais de 6 anos ou com autonomia para nadar e fazer snorkeling, por exemplo, vão aproveitar ainda melhor os cardumes coloridos debaixo d’água. E se uma tartaruga marinha enorme ou uma iguana aquática feiosa surgirem, de repente, na frente da máscara, não se assuste. Os animais não vão te fazer mal. Eles estão em paz e bem alimentados neste espetacular templo da natureza em que habitam há milênios.

Dormir em hotel na ilha ou em um barco?

A gente prefere ficar em terra firme, conforme enquete com o time da Family Trip Magazine que já foi a Galápagos várias vezes – e ama esse lugar.

Dormir um uma ilha é bom para:

– quem costuma enjoar com o balançar das ondas nos barcos;
– quem tem crianças que precisam de espaço para correr;
– quem gostar de bater perna entre lojas, restaurantes e sorveterias da cidade.

E quais as vantagens de se hospedar em barco?

– visitar as ilhas mais distantes, onde não vale a pena fazer bate-e-volta;
– dormir sob as estrelas, ninado pelo balanço do mar;
– mergulhar em grande estilo: há barcos exclusivos para mergulhadores com cilindro.

Existem opções bem variadas de hotéis e de barcos.

Em terra firme, dá para se hospedar no bochicho de Puerto Ayora, em villas privadas em pleno território das tartarugas gigantes e até em barracas finas no estilo glamping.

Os barcos podem ser tanto cruzeiros de expedição para até 100 passageiros quanto pequenos iates de luxo. Em função das rígidas normas de preservação das ilhas, os passageiros só costumar descer dos barcos uma vez pela manhã e outra à tarde, sempre em grupos pequenos. Mas atenção: não há flexibilidade para quem só quer ficar mais 5 minutos na praia. É bom estar atento para não perder o bote de volta — ou você corre o risco de ficar morando para sempre numa linda ilha do Pacífico…

Serviços

ACESSO

Não há voos diretos entre o Brasil e as Ilhas Galápagos. É preciso voar antes para uma cidade do Equador como Quito e Guayaquil – e depois pegar um voo de 2 horas até lá. O aeroporto de Baltra, ao lado da Ilha de Santa Cruz, é mais estratégico (que o de São Cristóvão) para quem prefere se hospedar em terra e fazer passeios diários de barco.

HOTEL

Montemar Eco-Luxury Villas
Abertas em 2019, as duas villas da hospedaria boutique considerada a mais sustentável do arquipélago são casas privadas para até 4 ou 8 pessoas localizadas no coração do território de migração das tartarugas gigantes. Por terem criados os dois filhos, Cayetano (em homenagem a Caetano Veloso) e Mirasol, nas ilhas, os proprietários Reyna e Roberto (apaixonados por música brasileira) sabem sugerir os melhores passeios para a família de acordo com a idade das crianças. Cercada por tartarugas gigantes, fica no alto do morro na ilha de Santa Cruz, a 20 minutos de Puerto Ayora.

Veja aqui: montemar.ec

Finch Bay Galapagos Hotel
Com a vantagem de ser o único hotel de Santa Cruz localizado de frente para o mar azul de Galápagos, diante do porto de onde saem os passeios de barco de Puerto Ayora, o refinado Finch Bay tem todos os confortos de terra firme que você não encontraria nas hospedagens em barcos de Galápagos. São 27 suítes com ar-condicionado, piscina, spa e restaurante. Basta pegar um barquinho rápido para acessar o centro urbano de Puerto Ayora, onde concentram-se os restaurantes, bares, lojas e centros culturais locais.

Veja aqui: www.finchbayhotel.com
ou no Booking com cancelamento gratuito

As agências Viajar com Crianças ou Viajar com Adolescentes conhecem bem Galápagos e podem organizar essa super viagem para a sua família.

MELHOR ÉPOCA

Dá para visitar Galápagos o ano inteiro, mas as águas ficam menos frias e com excelente visibilidade para snorkeling e mergulho no verão e no outono do Hemisfério Sul, de dezembro a maio. Recomenda-se passar pelo menos 7 a 10 dias para curtir a ilha de forma relaxada. Prefira levar as crianças quando elas já souberem nadar ou flutuar usando boia, máscara e respirador, para pais e filhos curtirem juntos o mar.

Hospedagem sustentável entre tartarugas

Um passeio imperdível na ilha de Santa Cruz é visitar o território de migração das tartarugas-gigantes-das-Galápagos, onde é possível chegar pertinho delas. Fica ali também a mais sustentável experiência de hospedagem no arquipélago.

Construídas com material natural local, como lava petrificada dos vulcões, as duas únicas casas para locação da Montemar Eco-Luxury Villas usam apenas água captada das chuvas e energia elétrica totalmente originada em painéis solares. Parte da comida, orgânica e plantada em sistema de agrofloresta, vem da horta caseira, e até o premiado café é produção própria, no cafezal que os hóspedes podem conhecer.

De propriedade de um casal de guias naturalistas – os equatorianos Reyna Oleas e Roberto Plaza — , que se conheceu nas ilhas, casou e teve dois filhos, Montemar se tornou referência para viajantes conscientes justamente pelos cuidados com a conservação. Ao tirarem espécies vegetais invasoras do terreno, eles permitiram a volta da vegetação original, que é a alimentação favorita das tartarugas. Por isso é possível ver, em certas épocas, mais de 100 dessas gigantes a poucos metros da cama.