Aprender a planejar sonhos com Gustavo Cerbasi
Tudo parece ser uma questão financeira mas é interessante entender que o financeiro (e viagens) é consequência de outros princípios
Por Sut-Mie Guibert
Toda família tem sonhos de viagem e alguns destinos mais cobiçados. Mas como fazer para atingir esses objetivos, ainda mais em família quando o orçamento deve ser multiplicado pelo número de participantes? Conversamos com o Gustavo Cerbasi, especialista em Finanças, consultor, palestrante, autor de best-sellers e, principalmente, pai de 3 filhos e apaixonado por viagens em família (sempre divulgadas em suas redes sociais) que nos ajudou a entender como traçar metas, objetivos e estratégias. E, surpresa, venha descobrir conosco que fazer um planejamento econômico familiar e planejar uma viagem não é só pensar nas finanças, mas é também, principalmente, fazer um planejamento de amor, conexão e de educação. Tem investimento melhor?
Como decidir uma viagem em família?
É importante que as pessoas não confundam planejamento com sacrifício ilimitado. Muita gente acha que a inteligência financeira está relacionada à ideia de fazer grandes sacrifícios durante muito tempo para não faltar no futuro, mas há um problema: pode ser que esse futuro não aconteça da maneira imaginada! Então, temos que fazer planos para desfrutar não do futuro lá na frente, mas de um futuro mais próximo possível: daqui a três meses, daqui a seis meses…
O futuro vai ser um acumular de vários momentos presentes. Eu tenho que fazer com que o meu momento presente seja sempre bom, com cuidados para não perder esse bem viver lá na frente. Daí, o planejamento de viagem não é resultado de montar um padrão de vida e se nada der errado, conseguir viajar. Não pode ser: ”se tudo der certo eu vou fazer uma viagem internacional. Se não der certo eu faço uma viagenzinha por aqui mesmo”. Se for assim, a grande experiência da vida acaba sendo apenas consequência de dar muita sorte ou não ter um imprevisto.
Primeiro devemos pensar no bolso ou no sonho?
É melhor inverter a ordem das escolhas e entender que, ao longo da nossa vida, nós vamos realizar mais sonhos se nos ORGANIZARMOS para tal. A primeira escolha é: quais são os sonhos que eu vou realizar? Isso inclui independência financeira, aposentadoria, mas eu tenho que incluir também sonhos de curto e médio prazo: os passeios que eu quero fazer no fim de semana, viagem que eu quero fazer a cada ano, algo especial para celebrar 10 anos de casamento, os 15 anos da minha filha, a formatura de um filho…São as grandes realizações que vão trazer lembranças eternas para a família!
Se eu me organizo para ter uma verba regular para as minhas viagens, eu vou ter viagens mais frequentes, eu vou ter um certo padrão de viagens acontecendo na minha vida.
Bônus: Se eu ganhar um extra com meu trabalho, eu posso melhorar a minha viagem. Se eu tenho uma reserva de emergência para imprevistos e não acontecer imprevistos, eu posso dar uma apimentada na viagem. O pecado que muitas famílias cometem é de só conseguir viajar se conseguirem se livrar daqueles vários imprevistos que são bem comuns aos brasileiros.
O modelo ideal de viagem é aquele em que eu torno a viagem não como um extra da minha vida, mas como um projeto que eu pago todos os meses, para acontecer a cada semestre ou a cada ano.
Se tudo estiver bem, a viagem vai ser mais caprichada, se meu dinheiro precisar ser usado para alguma emergência, minha viagem vai ser mais criativa, mas ela vai acontecer de qualquer forma!
Quais as suas dicas para melhorar esse planejamento de viagem?
Agora, bem objetivo: é dinheiro ou é definir um lugar para ir? Se você tem uma regularidade em separar um dinheiro para experiências de família, você vai ter a certeza de viajar com mais frequência. Se você viaja com mais frequência, vai aprender a sofisticar cada vez mais os seus destinos e vai começar a fazer viagens que achava que não cabiam no seu bolso. É uma combinação de criatividade e inspiração com aquele dinheiro que tá ali disponível.
Como cuidar do dinheiro durante as viagens?
A viagem tem que ter um orçamento. Quanto vamos gastar por dia, incluindo tudo: hotel, alimentação, táxi, compra de souvenirs…Anotamos tudo. Se estamos acima da meta, vamos ficar mais econômicos. Se estamos abaixo, eu começo a presentear a minha família: vamos para um restaurante estrelado? Comprar alguma coisa para marcar?…
Temos também uma reserva de emergência para os nossos imprevistos do dia a dia da minha vida normal. É bom saber que eu posso usar até 10, 20, 30% da reserva para aproveitar algo que não está nos planos (um show no destino, um curso de culinária, uma experiência esportiva…). Vai desequilibrar um pouquinho, mas aí na volta você vai criar um rigor para recompor sua reserva de emergência. O que não pode é sair gastando para depois ver no cartão quanto gastou!
E a relação das crianças com o dinheiro durante as viagens?
Nós temos o hábito de deixar as crianças com uma soma para elas gastarem como quiserem. Curiosamente, alguns voltam de viagem sem gastar a sua verba. E quanto mais Interessante for a viagem, menos eles vão querer comprar coisas.
É interessante vê-los negociar, adiantar presente de aniversário do outro, por exemplo, ou comprar algo juntos quando o dinheiro deles não é suficiente. Se eles usaram a verba deles e querem comprar algo mais, aí então entra uma negociação do tipo: “você vai abater da mesada dos próximos meses?” Isso é muito importante para ter a noção do sacrifício. Porque eles sabem que cada viagem perfeita é consequência do sacrifício da família tanto de tempo quanto de dinheiro. E eles estão entrando nessa lógica de que para ter mais coisas valem a pena alguns sacrifícios e aí eles saem com o compromisso de recompor a reserva caso consumam mais que o previsto.
Falamos de sonhar, planejar, ter a noção de sacrifício e agora celebrar. Onde a sua família mais gostou de celebrar?
Cada um vai ter a sua viagem preferida; mas, para a minha menor, apesar dela ter conhecido vários países do mundo, ter conhecido museus, parques de diversões, experiências educacionais…ela gosta da viagem para o Rio Quente Resort, aqui no coração do Brasil, porque ela foi com avô, poucos anos antes dele morrer.
Vemos que não precisa ser uma viagem cara…
A viagem para ser boa precisa ser recompensadora, principalmente para os filhos. O que eles esperam das férias, talvez seja aquilo que eles não tem durante o ano: a frequência que gostariam de ter com seus pais, a brincadeira…Tem muito pai preocupado em levar para a Disney, colocar num parque, numa situação de realidade virtual quando, na verdade, poderiam estar jogando uma bola na praia. “Mas isso eu faço no Brasil”; então, de repente você está no Estados Unidos e brinca com uma bola de futebol americano, aluga uma bicicleta…
A dica de ouro?
O que nós temos que entender é: cada viagem vai ser melhor se nós ouvirmos o que cada um quer aproveitar. Eu tomo cuidado de pensar no ritmo de cada filho. Quando você pensa na necessidade de cada membro da família, sabe que vão precisar de alguns cuidados especiais, o ritmo da viagem pode mudar. Eu vou perder algumas opções, mas vai ser uma viagem muito melhor naquilo que sobrar. E isso você só vai saber se conhecê-los bem, se tiverem uma conexão. E isso se cria: vamos estudar juntos o próximo destino? Vamos ver qual o esporte mais praticado, a história do lugar? Conversamos muito em uma viagem de carro… Nós temos a responsabilidade muito grande de formar os nossos filhos e é bom aproveitar a viagem para ensinar, ter a visão de um mundo sem fronteiras.
Antes de pensar numa Grande Viagem, pense no que querem proporcionar para a sua família com seus filhos em termos de aprendizados, experiências e amor. Isso vem antes do planejamento. O que conta são as experiências, o vínculo, o amor que está envolvido na educação. Construir uma viagem é um pensar na família e montar planos para que ela execute e volte mais experiente.
O que você quer deixar aos seus filhos? Você não precisa deixar um pé-de-meia, se preocupar se não está deixando um plano de previdência…desde que os ensine a construir um futuro mais rico e toda essa lógica começa no como você educa.
Veja um trecho da nossa entrevista no vídeo abaixo e veja a íntegra no nosso canal de YouTube:
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