Family Trip Magazine

Amazônia em família: roteiro por um mundo gigante

A floresta tem superpoderes suficientes para conquistar e deslumbrar gente de todas as idades

Por Walterson Sardenberg Sº

Os estrangeiros descobriram há muito. Fascinados, contam uns aos outros cada pormenor. Voltam, recomendam aos amigos. Tentam traduzir a palavra mais ufanista da língua: exuberância. Já os brasileiros são reticentes. Hesitam antes de fazer uma sedutora viagem pela nossa grandiosa Amazônia. Ainda mais com crianças. 

Isso se deve, sobretudo, a despropositados mitos, tão entranhados quanto as raízes de uma majestosa Samaúma, a  mais extraordinária e mística árvore da floresta.

Esses preconceitos apregoam que se trata de um destino infestado de mosquitos, desprovido de conforto e, não bastasse, exposto aos perigos da selva, o que dificultaria uma viagem em família. Felizmente, tais mitos podem ser derrubados, um a um, com facilidade. Vejamos.

Primeiro, os mosquitos. Espante essa preocupação. A maioria dos hotéis de selva está encravada à beira de rios de água escura. Por eles navegam, também, alguns dos melhores barcos de cruzeiro. Essa água negra, resultado da decomposição de vegetais, revela, entre outros atributos, o poder de impedir a proliferação de insetos. A Amazônia turística que beira o Rio Negro, portanto, tem menos pernilongos que a cidade onde você mora. E infinitamente menos do que, digamos, Ilhabela-SP. Sequer é preciso passar repelente nas crianças, embora o protetor solar seja indispensável.

Quanto ao conforto, tanto os barcos de cruzeiro quanto os hotéis podem ser de primeiríssima e dotados de toda a segurança. Basta saber escolher.

O navio Iberostar Grand Amazon, por exemplo, é um cinco estrelas flutuante, com cinco pavimentos e 72 cabines de bom tamanho, porém nenhuma familiar; por isso as crianças devem ser maiores de 8 anos. Tem até duas piscinas ao ar livre. Muito obrigado — elas se mostram providenciais no calor úmido e frequente da região.

O auge da viagem no Iberostar é vivenciar o encontro da correnteza escura do Rio Negro com as águas pardacentas do Solimões, que mantém suas cores por quilômetros, lado a lado, até formar algo ainda maior: o Rio Amazonas, este oceano interno, de mais de mil afluentes. Já os barcos da Expedição Katerre Ecoturismo são menores, mas tão confortáveis quanto. Oferecem mais privacidade. O Jacaré-Açu acolhe, no máximo, 16 passageiros. Isso torna ainda mais interativo e saboroso o convívio com a tripulação e em família. Crianças são bem vindas a bordo e têm diversão garantida com o avistamento da floresta e encontro com animais.

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No caso da hospedagem em terra, reza o bom senso escolhê-la de acordo com a idade das crianças. Aqueles hotéis mais enfronhados na selva — e nem por isso menos seguros — estão instalados a maior distância de Manaus, cidade-base da viagem. Por exemplo: exigem-se 4 horas, entre barco e automóvel, para chegar aos 19 bangalôs sobre pilotis do Juma Lodge, incrustados à margem do rio homônimo, numa área mais remota. O trajeto pode ser cansativo para crianças menores, mas as maiores adoram a aventura.

Nessa situação, deve-se preferir o arrojado, mas aconchegante, Mirante do Gavião, acomodado na diminuta cidade de Novo Airão, de frente para o Rio Negro. Fica a menos de 3 horas de carro. O mesmo tempo de trajeto, aliás, é gasto numa lancha rápida para ancorar no Anavilhanas Jungle Lodge. A garotada vai se deslumbrar: o hotel cintila diante do arquipélago das Anavilhanas, um portento de 400 ilhas que despontam, lúdicas, inacreditáveis, dentro do Rio Negro. Não existe paisagem similar no globo.

A rigor, há bons hotéis de selva até mesmo bem próximos de Manaus. O Amazon Ecopark Lodge fica a menos de uma hora. Nem por isso é pouco impactante. Vale deixar claro: os hotéis de selva aqui indicados primam por oferecer experiências genuínas e semelhantes, ainda que com maior ou menor grau de requinte. Todos acenam com uma arquitetura integrada à natureza, com muita madeira e pouquíssimo cimento. Todos têm guias de farto repertório, capazes de revelar os segredos da floresta com bem-treinada didática — e, inclusive, visitar tribos indígenas. Eles se igualam, ainda, em servir a autêntica culinária amazônica, embora sem preterir a opção pela dita cozinha internacional.

É a chance de os guris e adolescentes descobrirem que há muito mais frutos deliciosos na floresta que o açaí — uma mania entre eles, bem sabemos. Que tal bacuri? Ou taperebá? Existem centenas de sabores ainda ausentes dos supermercados. Mas é bem capaz de as crianças levarem um susto ao topar no restaurante do hotel com peixes das dimensões de um pirarucu. Exclusivo da Amazônia, chega a medir 3 metros. O peso? Ágeis 200 quilos.

Quase tudo é gigantesco na Amazônia — à exceção das comunidades ribeirinhas que você visitará emocionado, vislumbrando um modo de vida singelo, mas pleno de dignidade. São 39 mil espécies de plantas — e, entre elas, 2.500 espécies de árvores (algumas com a altura de um edifício de 25 andares). Ali vivem 300 espécies de mamíferos e 1,3 mil de aves. Não, você não verá onças. Mas encontrará macacos em profusão, além de preguiças, araras, jacarés, antas, capivaras, lontras. Não se preocupe com o risco de acidentes. Os avistamentos de animais são feitos com plena segurança. Inclusive os mais próximos, como o do adorável boto-cor-de-rosa.

Nos trajetos fluviais para ver o boto e seus vizinhos, o viajante se dá conta de que os rios são, antes de tudo, o meio de ligação fundamental na Amazônia. Eles permitem os afazeres do cotidiano, nessa área que abriga 20% de toda a água do planeta. Barcos e canoas de todos os tamanhos, essenciais para os moradores, levam a bordo noivos vestidos a caráter para o casamento, times amadores de futebol uniformizados, meninos e meninas a caminho da escola — um mundo.

As facilidades da navegação dependem dos rigores da alternância entre as temporadas “de cheia” e “de seca”. Na prática, isso representa que, de julho a novembro, os rios vão baixando o volume, até revelarem sortidas praias em seus leitos. De dezembro a junho, todavia, tornam a se encorpar, subindo o nível da água acima de 10 metros e encobrindo o que antes era espaço livre e terra firme. Possibilitam assim navegar por áreas até então proibitivas.

A despeito da época do ano, a cidade de Manaus será sempre o ponto de chegada e partida. Vale passar ao menos dois dias nesta metrópole de mais de 2 milhões de viventes e ir se acostumando ao clima e à alimentação. Anote dois restaurantes, especialíssimos: Caxiri, da chef  Debora Shornik, e Banzeiro, do chef  Felipe Schaedler. Este último, há pouco inaugurou concorrida filial em São Paulo.

Enriquecida no século 19 em virtude do ciclo econômico da borracha, Manaus preserva maravilhas arquitetônicas da época, como o Teatro Amazonas, de 1896, e o Paço da Liberdade, de 1879, onde funciona hoje o Museu da Cidade, que, tal como o nome antecipa, exibe relíquias da história local. O centro da metrópole, onde estão estas atrações, conta também com hotéis-boutique de primeiro nível. Entre eles, o Juma Ópera (diante do lendário teatro) e o Villa Amazônia. Muito chiques. Acima de tudo, Manaus dispõe de uma rede hoteleira tão fértil quanto a floresta.

Enfim, para as crianças e adolescentes esta será uma superviagem, tão extasiante quanto o mundo dos super-heróis. Muito útil, também, para que atentem com os próprios olhos para a importância desse ecossistema pleno de superpoderes. Mas onde o inimigo pode ser o próprio ser humano. Será o papel dos mais jovens, no futuro, saber manter vivo esse lugar.   

Serviços

 Conheça o Iberostar Grand Amazon
 Conheça o Juma Lodge
 Conheça o Mirante do Gavião
 Conheça o Anavilhanas Jungle Lodge
 Conheça o Amazon Ecopark Lodge
 Conheça o Juma Ópera
 Conheça o Villa Amazônia

As Agências de viagens Viajar com Crianças e Viajar com Adolescentes oferecem pacotes para a Amazônia e grupos com acompanhamento de pedagogos. 

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